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Hélio Schwartsman

Destruição criadora

SÃO PAULO - Deu na Folha que o site Contador Amigo, que ajuda microempresários a fazer sozinhos a contabilidade de suas firmas, virou alvo de processos movidos por entidades representativas dos contabilistas. Compreendo o temor dos profissionais, que veem na multiplicação dessas ferramentas eletrônicas uma ameaça a seu ganha-pão, mas, entre os interesses de uma classe e os da sociedade, são os segundos que devem prevalecer.

Vou um pouco mais longe e afirmo que deveria ser obrigatório para o poder público disponibilizar na internet e de forma gratuita todos os serviços hoje ofertados por profissionais e instituições que podem ser condensados em algoritmos. Isso vale para obrigações fiscais, previdenciárias, registros públicos e procedimentos jurídicos. É ridículo obrigar as partes a contratarem advogados para realizar inventários extrajudiciais e divórcios consensuais, por exemplo.

É claro que, se essas facilidades ao cidadão se disseminassem, precisaríamos de menos contadores, escriturários, cartórios e advogados (para ficar apenas no mundo da burocracia). Haveria desemprego nessas categorias. É duro, mas é assim que o capitalismo funciona.

Como já descrevera Joseph Schumpeter em meados do século passado, a chegada de novas tecnologias destrói velhas empresas, antigos modelos de negócios e até mesmo profissões (cadê os ascensoristas e apagadores de lampião?). Pode ser ruim para essas pessoas, mas é das inovações que, em última instância, a sociedade extrai a prosperidade.

Se levássemos a preservação de empregos às últimas consequências, a maioria da população ainda trabalharia no campo para produzir comida. Foi a perda dessas posições que empurrou as pessoas para as cidades, onde se dedicaram a outras atividades e formaram os mercados que consomem e geram as inovações. Elimine-se essa destruição criadora e voltamos à era pré-industrial.


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