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Trégua à italiana

Diante de um impasse prolongado por dois meses, sem conseguir formar novo governo, a Itália parece ter optado por inusitada saída da crise política, com uma provável coalizão entre centro-esquerda e direita no comando do país.

Vitorioso nas eleições de fevereiro, Pier Luigi Bersani, do ex-comunista Partido Democrático, fracassou em diversas tentativas de compor maioria no Parlamento.

Em meio ao imbróglio, o atual presidente italiano, Giorgio Napolitano, aceitou ser reconduzido para novo mandato de sete anos. Aos 87 anos, ele não queria a reeleição, mas cedeu aos apelos dos principais líderes, que não encontravam nome alternativo para o cargo.

Agora, Napolitano indicou para o posto de primeiro-ministro o vice-líder do PD, Enrico Letta, que se disse surpreso com o convite.

A solução italiana, com dois políticos que não pleitearam estar onde estão, é mais um reflexo da crise que o país atravessa. Na sua raiz estão dificuldades econômicas que só fazem agravar-se.

O símbolo maior desse impasse continua a ser Silvio Berlusconi (do conservador PDL), apesar de o ex-premiê ter deixado o poder há um ano, em meio a séria conturbação econômica, e de ser réu em quatro processos. Ele se tornou o fiel da balança após seu partido ter obtido a segunda maior bancada nas eleições legislativas de fevereiro.

O poder de Berlusconi não seria tão grande caso a novidade da política italiana nos últimos anos, o Movimento Cinco Estrelas, aceitasse participar da negociação. A recusa do ex-comediante Beppe Grillo deixou o PD sem opção.

Embora detentor da maior bancada no Parlamento, o PD se vê forçado a negociar com Berlusconi, a um preço ainda desconhecido.

O provável premiê Letta é o contrapeso positivo dessa nova composição. Aos 46 anos, pertence a uma geração diferente daquela que vem dominando a política italiana. Tem experiência como ministro da Indústria e é bem-visto internacionalmente por sua posição favorável à União Europeia.

No atual contexto, porém, o mais provável é que seu governo tenha curta duração. Ainda assim, sua indicação foi bem recebida pelo mercado financeiro. Não será pouco se conseguir dar algum alívio à economia italiana, que encolheu 1% no último trimestre do ano passado.


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