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Opinião

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Emaranhado sírio

Há dois anos, os protestos contra ditaduras árabes chegavam à Síria. Se Bashar al-Assad leva culpa pelos primeiros massacres de manifestantes e consequente escalada de violência, a responsabilidade pela dimensão da atual barbárie recai em grande parte sobre atores externos.

Assad sempre teve garantias de apoio aliado. À Rússia interessa manter o regime que abriga sua única base militar fora da órbita da antiga União Soviética e ajuda a conter interesses ocidentais no Oriente Médio. Damasco, além disso, é fiel compradora de armas de Moscou. Os russos usam seu poder de veto na ONU para travar ações multilaterais contra a Síria.

O ditador também deve muito ao Irã, que despachou para Damasco muito dinheiro e armas. A Síria é o duto pelo qual Teerã envia apoio ao também xiita Hizbullah, alinhado à beligerância iraniana contra Israel e regimes árabes sunitas. A queda de Assad deixaria o Irã mais fraco e isolado.

A hostilidade a Teerã acelerou o alinhamento das monarquias árabes sunitas aos rebeldes sírios. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar armaram e financiaram a insurreição síria, hoje dominada por islamitas ultrarradicais. Numerosas conquistas rebeldes levam a marca da frente Al Nusra, ligada à Al Qaeda. Em nome da luta contra Assad, nações árabes apoiam jihadistas que explodem civis.

França e Reino Unido defendem armar rebeldes seculares. Inicialmente limitados ao apoio político e logístico, os EUA cogitam aderir à proposta europeia após relatos de que a "linha vermelha" decretada por Barack Obama foi ultrapassada: o uso de armas químicas pela Síria (a ONU diz não ter provas).

O quadro complicou-se com a entrada no conflito de Israel, que nos últimos dias lançou dois bombardeios contra instalações militares perto de Damasco. O governo israelense afirmou que a intenção não era ajudar os rebeldes sírios, mas destruir um carregamento de mísseis destinado ao Hizbullah.

A crise síria já despejou 1,4 milhão de refugiados em países vizinhos. Internamente, contam-se 4 milhões de deslocados. Crescem temores de limpeza étnica no rastro da contraofensiva governista que retoma áreas sob controle rebelde.

A esperança de solução pacífica ressurge com a inesperada convergência entre EUA e Rússia, que resgataram um plano aventado em 2012 para um governo de transição. O destino de Assad ainda opõe as potências. Mas Washington e Moscou podem pressionar os respectivos aliados a trocar o campo de batalha pela mesa de negociação.


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