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Ruy Castro

O horizonte a um centímetro

RIO DE JANEIRO - Há cidades, como o Rio, em que, ao abrir uma janela, pode-se enxergar o infinito. Ou não, já que ele é infinito. O mar está à nossa frente e, ao fundo, as montanhas surgem umas por trás das outras, mas não se vê onde terminam. A orla de Copacabana é um grande cartão-postal, como se sabe, mas insuperável mesmo é o horizonte, sempre e mais distante, que se vê das janelas de seus edifícios.

Pois, com toda essa imensidão ao nosso alcance, preferimos trazer o horizonte para cinco centímetros do rosto. Essa é a distância entre os olhos e o visor dos smartphones e similares que as pessoas carregam consigo -e de que não se desgrudam nem para atravessar a rua, levar a comida à boca ou dirigir o carro. O risco de cair num bueiro, espetar o garfo na bochecha ou bater num poste não faz com que tentem se livrar desse jugo -mais forte do que todas as formas de escravi-

dão a que o ser humano foi submetido nos últimos 2.000 anos.

Não contente, o homem conseguiu agora aproximar ainda mais o horizonte -a um centímetro do rosto. Chegou o Google Glass, um óculos que se equilibra nas orelhas e no nariz, como os óculos comuns, mas, em vez das lentes, contém uma telinha de uma polegada, equipada com câmera, microfone e internet -enfim, tudo de que você precisa na vida.

Com ele, pode-se fotografar e gravar imagens, estocá-las, reproduzi-las e transmiti-las, ditar (não digitar) e mandar mensagens de texto, e ler (aliás, ouvir) o jornal ou o "Guerra e Paz". Serve também como GPS, controle remoto, relógio, TV, iPod e só falta trazer de volta a pessoa amada.

Segundo os que já o testaram, o Google Glass provoca dor de cabeça, faz a pessoa tropeçar na rua e criará uma geração de vesgos se for usado continuamente por menores de 13 anos. E seu design é cafonérrimo. Ou seja, tem tudo para ser um sucesso.


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