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Carlos Heitor Cony

O grande festim

RIO DE JANEIRO - Os cariocas herdaram dos tamoios aquele assanhamento que tomou conta dos índios quando viram no horizonte as caravelas de Cabral que aqui chegavam. Não bem informados sobre o que estava acontecendo, se enfeitaram como puderam e dançaram para dar boa impressão à frota portuguesa.

O Rio está com uma agenda suculenta para atrair visitantes e é natural que as autoridades locais façam o que for possível para tornar a cidade mais agradável e interessante aos turistas que aqui chegarão para a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Lembro um conto do Marques Rebelo. Prefeito do interior, para comemorar o aniversário de sua pequena e progressiva cidade, marcou uma série de eventos relativos àquela comunidade: desfiles, danças, jogos etc. Mandou construir um suntuoso palanque na praça principal, com camarotes, comes e bebes para os convidados. Que eram muitos e ilustres: embaixadores de países amigos, artistas do Moulin Rouge, campeões de várias modalidades esportivas, alguns banqueiros de Wall Street, três Prêmios Nobel e até mesmo um protonotário apostólico que trazia uma mensagem do papa.

A mídia local criou uma expectativa monstruosa sobre os visitantes e o esplendor da decoração. Na hora da festa, a população em peso postou-se em silêncio diante do monumental palanque. Não houve desfile, jogos e danças, todos preferiram ficar diante das celebridades, imaginando com água na boca o que tanta gente importante estava comendo e bebendo.

Jornais e TVs do Rio e São Paulo mandaram o alto clero da mídia para cobrir os camarotes. O sucesso da festa foi tão espetacular que o prefeito, apesar de sua ficha cheia de escândalos, foi capa de revistas e lembrado para a próxima sucessão presidencial. O protonotário apostólico anunciou que na festa seguinte traria o próprio papa.


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