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Ilusões perdidas
Não era simples coincidência. Em 2009, quando Eike Batista estreou no posto de pessoa mais rica do país, a imagem do Cristo Redentor apareceu como um foguete decolando na capa da revista "The Economist". No ano seguinte, o Brasil cresceria vigorosos 7,5%.
Era o auge da crença em um cenário auspicioso, impulsionado pela simbiose entre a demanda chinesa por commodities e a abundância de matérias-primas do Brasil.
As descobertas de reservas de petróleo no pré-sal elevavam o otimismo, e as políticas de inclusão contribuíam para o dinamismo da economia. Com a ascensão de milhões à classe média, formava-se um mercado robusto e ávido por bens de consumo duráveis.
Empreendedor arrojado e visionário, Eike Batista surfou como ninguém a onda favorável ao país. Seu discurso fazia sentido: o Brasil crescia, mas todos os setores de infraestrutura tinham deficiências; logo, investimentos seriam necessários.
O empresário e seus planos ambiciosos foram recebidos de braços abertos por investidores e bancos, incluindo o BNDES. Eike formou um império --com empresas nas áreas de petróleo e gás, mineração, construção naval, energia e logística-- sustentado mais por promessas do que por resultados.
Não era apenas do empreendedor o tom triunfalista. Enquanto ele prometia se tornar o homem mais rico do planeta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apostava que a economia brasileira se tornaria a quinta maior do mundo antes de 2015 --estava na sexta colocação em 2011.
Deu-se algo bem diferente: o Brasil caiu uma posição no ranking, e o empresário despencou do sétimo para o centésimo lugar na lista publicada pela "Forbes" em 2013 --isso antes mesmo de as ações da petroleira OGX terem derretido nesta semana, com queda acumulada de 93,6% em 12 meses.
Sonhos de grandeza e erros de gestão explicam, em larga medida, as expectativas frustradas.
A forte expansão do PIB em 2010 foi fruto de estímulos que turbinaram a demanda doméstica. Mas a teimosia em manter uma política fiscal expansionista e o improviso na administração da economia minaram a credibilidade do governo.
Também o dono do grupo X inspira menos confiança, já que suas metas se revelaram irrealistas. Acredita-se que seus negócios sobreviverão em versão reduzida, mas os tropeços devem lhe custar o controle do império.
O "x" de Eike Batista, outrora ícone da multiplicação da riqueza, agora simboliza melhor as incógnitas que pairam sobre o grupo --e sobre a economia brasileira.