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Marco Aurélio Canônico

Cinema de guerrilha

RIO DE JANEIRO - Nunca se ouviram tantas vaias em uma edição do Festival do Rio como na atual, cuja premiação aconteceu ontem à noite.

Os alvos, no entanto, não foram filmes ruins (e havia muitos candidatos para isso), mas as propagandas da RioFilme e da Prefeitura do Rio que antecediam cada sessão, anunciando uma cidade idílica, que em tudo diferia do caos que os espectadores testemunhavam fora das salas.

A 15ª edição do festival foi a mais tumultuada de sua história por conta dos protestos de professores e da subsequente repressão policial, que coincidiram não apenas com o período do evento, mas com o seu local --a histórica Cinelândia, onde ficam o Cine Odeon, sede das principais sessões, e a Câmara Municipal, ponto focal dos protestos.

Desde a sessão de abertura, o Odeon viu manifestantes à sua porta, pedindo apoio para a sua causa, vaiando as celebridades que passavam pelo tapete vermelho ("Mulher bonita/ é mulher que luta") e criticando a mídia e o patrocínio da prefeitura ao evento e a muitos dos filmes.

Forçada a se posicionar, a classe cinematográfica se dividiu --uma parte se irritou por ter virado alvo e ter tido sua festa atrapalhada, mas muitos fizeram discursos de apoio.

Depois da fatídica terça-feira em que a PM carioca reprimiu professores à base de bombas, transformando a Cinelândia numa praça de guerra, o festival preferiu não correr riscos e retirou do Odeon as sessões que estavam previstas para lá (mesmo em dias sem protesto marcado).

Recebeu uma lição dos jovens produtores do curta "Contos da Maré", que deixaram de ir à estreia de seu próprio filme para se juntar ao protesto na Cinelândia. "Somos solidários às questões de logística do festival, mas acreditamos que o cinema não deve estar alheio ao contexto político em que vivemos", escreveram, em manifesto lido antes da exibição.

Norma Bengell o assinaria.


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