Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paula Cesarino Costa

Correndo

RIO DE JANEIRO - Para algumas gerações, este era um país apático, com um povo que não lutava por seus ideais nem por seus direitos. Olhávamos com uma ponta de inveja para o lado e víamos mães batendo panelas, praças ocupadas, gritos por justiça e presidentes renunciando.

Só nos livros de ficção era possível imaginar aqui uma revolução popular que derrubasse governantes, ou ao menos os obrigasse a mudar planos ou a olhar para os necessitados.

Aconteceu o Occupy Wall Street. Veio a Primavera Árabe. Em tempos de comunicação instantânea e global, a participação começou a ser percebida como uma opção possível.

Até que chegou o mês de junho e as ruas brasileiras, em várias partes do país, se encheram de gente. Ninguém esperava, ninguém entendeu.

A partir de um movimento que gritava por melhor transporte e reivindicava passe livre, milhares que nunca tinham ido a uma manifestação sentiram que sua voz poderia ser ouvida.

Três meses depois, o que era exercício cívico se mascara de baderna. Quem está de fora assiste com sentimentos confusos e avaliações contraditórias. Onde isso vai parar?

Os equilibrados tentam manter-se na tênue linha entre o direito à manifestação, a manutenção da ordem e a necessidade de combater os excessos de ambos os lados.

Para quem estimulou o início das passeatas o que existe é uma disputa de consciência. O objetivo é ousado: mudar a cultura do país, construindo uma forma de participação direta.

Preocupa que, agora, a depredação seja argumento constante, e a repressão violenta, a resposta que muitas vezes antecede o questionamento.

A possibilidade de uma tragédia ocorrer aumenta. Um jovem de 18 anos foi baleado anteontem. Alguns anos atrás, ele corria desesperadamente de um lado para o outro. Era só uma criança comemorando um gol do Sport, quando as alegrias eram mais simples, e as dores, menos violentas.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página