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Primeiro teste iraniano

Se as negociações em Genebra seriam um teste de boa vontade, o Irã foi aprovado na primeira fase.

Durante encontro nesta semana entre Teerã e seis potências mundiais, o governo do moderado Hasan Rowhani mostrou alvissareira disposição para o diálogo. Partiu da própria delegação iraniana a proposta de aceitar inspeções mais intrusivas de suas instalações atômicas em troca do fim das sanções.

Não foi apenas isso. A comitiva do Irã aceitou discutir detalhes técnicos; antes, buscava ser evasiva. Marcou outra mudança de comportamento o encontro bilateral entre iranianos e americanos, sinal de apaziguamento entre os dois países.

Ao fim das conversas, divulgou-se rara declaração conjunta em que o encontro é classificado como positivo. A nota afirma ainda que a proposta do Irã "está sendo cuidadosamente levada em conta como importante contribuição" pelos demais países (os cinco integrantes do Conselho de Segurança da ONU --EUA, China, Rússia, França, Reino Unido-- e Alemanha).

Daí, porém, não se passou. Medidas concretas não foram adotadas, embora tenha sido marcada uma próxima rodada de negociações para daqui a três semanas.

Avançar não será fácil. Por mais que o presidente dos EUA, Barack Obama, e o do Irã, Hasan Rowhani, demonstrem pragmatismo e boas intenções, ambos enfrentarão enorme resistência doméstica.

No Congresso americano, tramita um pacote de medidas para endurecer as sanções econômicas contra Teerã. Dez senadores --seis democratas e quatro republicanos-- condicionaram a suspensão de novas restrições à adoção, pelo Irã, de iniciativas imediatas para frear o programa nuclear.

Em Teerã, a estratégia conciliadora de Rowhani necessita de resultados práticos para manter o apoio do aiatolá Ali Khamenei --chefe máximo da teocracia.

O presidente moderado precisa ainda lidar com uma frente ultraconservadora contrária às negociações. Finalmente, a Guarda Revolucionária --força de 120 mil homens que compõem a elite militar e de inteligência do país-- condenou o simples fato de Rowhani ter aceito conversar com Obama.

São muitos os obstáculos. Apesar de sinais auspiciosos no nível retórico, falta muito para que eles se traduzam em ações práticas. Como afirmou o presidente de Israel, Shimon Peres, em entrevista exclusiva a esta Folha: "Por enquanto, não houve mudança no Irã. Os fatos contradizem os discursos".


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