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Marco Aurélio Canônico

Choque cultural

RIO DE JANEIRO - Olhando retrospectivamente, é nítido que a produção cultural brasileira aumentou e se diversificou na última década, graças ao desenvolvimento tecnológico e econômico e a instrumentos como a Lei Rouanet, a lei da TV paga e os inúmeros editais e investimentos dos três níveis de governo.

Todo esse progresso, no entanto, não se traduziu em mais gente trabalhando com cultura no país: em 2012, o setor tinha o mesmo número de trabalhadores que em 2004 --3,7 milhões de pessoas, aí somados empregados (com carteira assinada ou não), empregadores e gente que trabalha por conta própria.

Essa quase década perdida foi revelada pela terceira edição do Sistema de Informações e Indicadores Culturais, divulgado pelo IBGE.

O ponto da virada foi o ano de 2009, época da crise econômica: de 2002 até ali, o emprego na cultura crescia ano a ano (inclusive acima da média nacional); a partir de então, começou a cair, na contramão do que acontecia com o emprego em geral no país. O número de trabalhadores do setor cultural caiu 15,6% de 2009 para 2012 --um total de 673 mil vagas a menos.

O IBGE associou a redução de trabalhadores da cultura ao aumento da formalização do mercado de trabalho em geral, no período 2007-2012. "Podem ter ocorrido migrações dos trabalhadores entre ocupações, ou seja, trabalhadores que antes ocupavam posições em atividades culturais podem ter migrado para outras atividades produtivas", disse o instituto, no estudo.

Talvez seja o caso, mas esse déficit ainda precisa ser mais bem explicado --quem acompanha o setor cultural nacional tinha a nítida sensação de que ele estava "bombando". Descobrir como um ambiente tão favorável não se traduziu em mais gente empregada é fundamental para analisar se os rumos dos investimentos públicos em cultura estão corretos.


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