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Eliane Cantanhêde

A espionagem como ela é

BRASÍLIA - Depoimento de quem é do ramo e sabe como as coisas são no cada vez mais vulgar mundo da espionagem: 95% do trabalho é feito em cima das maiores obviedades e os 5% que, de fato, interessam são obtidos à custa de... contravenção.

Uma tropa de burocratas monitora redes sociais, jornais e documentos públicos, justificando seus salários com gordos relatórios que contêm o carimbo de "reservado" até em prosaicas traduções do "New York Times" e abastecem o Sisbin, sistema de inteligência composto de vários ministérios e órgãos para assessorar a Presidência da República.

A papelada toda vai parar no GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e, dali, na sala do ou da presidente, passos adiante. No governo Dilma, imagina-se que ela até dê uma olhada de vez em quando. No de Lula, aquilo ia direto para o lixo.

O que vale mesmo é a informação colhida por agentes especializados que atuam num regime hierárquica bastante frouxo. Nem sempre seguem à risca o que mandam os chefes imediatos --nem o que define a lei.

Eles alegam (talvez até para si mesmos...) que, se forem andar com as leis e os manuais debaixo do braço, jamais vão ter, de fato, uma informação privilegiada, dessas que passam ao largo dos relatórios oficiais e caem não no lixo, mas na mesa, na lupa e na estratégia dos governantes. É a informação que vale ouro.

E como aquele "do ramo" explica a "contravenção necessária"? Bem... é infiltrar agentes e bisbilhotar e-mails, telefonemas, conversas particulares e reuniões a média distância. É, enfim, violar a privacidade individual para, em tese, proteger os poderes constituídos, preservar a ordem e evitar surpresas.

O princípio impera nos EUA, norteia a espionagem no mundo e não é diferente nestas plagas tupiniquins. O problema dos EUA é que espionam até presidentes em território alheio. E o risco deles e de todos os países é um agente delatar e um repórter escancarar. Tudo pode, menos isso.


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