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Opinião

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Há tufões e tufões

Foi devastadora a passagem do tufão Haiyan pelas Filipinas, país do leste asiático composto por mais de 7.000 ilhas. Estima-se que os ventos de até 315 km/h tenham provocado mais de 10 mil mortes.

Caso o número se confirme, terá sido o tufão mais letal da história de um país habituado a conviver com intempéries --só neste ano foram 25 fenômenos desse tipo.

De acordo com a ONU, 9 milhões de pessoas --quase 10% da população local-- sentem os efeitos do Haiyan, apesar dos planos de evacuação executados pelo governo. Com boa parte do sudeste filipino ainda alagada, é grande o contingente de habitantes desabrigados desde sexta-feira, sem acesso a água limpa, comida e energia.

Diversas organizações humanitárias pedem união internacional de esforços e doação de recursos financeiros para auxiliar na reconstrução da região de Leyte, uma das mais afetadas. Ainda há escassas condições de acesso à ilha, entretanto, e as telecomunicações pouco funcionam. Registram-se, enquanto isso, saques a supermercados e postos de gasolina no país.

O prognóstico não é alentador. Uma nova tempestade, batizada de Zoraida, deve chegar hoje à costa leste das Filipinas, tornando ainda mais árduo o trabalho de resgate e auxílio às vítimas.

Na origem da catástrofe está, sem dúvida, a força desse fenômeno natural, mas seria um equívoco considerar naturais as proporções do desastre. Embora acumule experiência em tufões, as Filipinas esbarram em limites econômicos para prevenir e mitigar as consequências desses eventos.

Estudo da ONU concluído em 2009 evidencia que populações sujeitas a riscos similares sofrem danos muito mais graves e extensos se morarem em países menos desenvolvidos.

Com base em dados colhidos de 1975 a 2007, a organização concluiu, por exemplo, que a probabilidade de mortes decorrentes de tufões nas Filipinas, com PIB de cerca de US$ 240 bilhões, era 17 vezes maior que no Japão, com número pouco maior de habitantes, mas PIB de quase US$ 6 trilhões.

As razões são intuitivas: países pobres alocam menos recursos na prevenção de acidentes, e seus habitantes tendem a morar em casas construídas com materiais menos resistentes. Além disso, a ausência de seguro residencial e proteção social agrava o impacto desses eventos extremos.

A ajuda internacional será de grande valia nas Filipinas, mas não mudará o fato de que os riscos, assim como os recursos, são divididos de forma desigual no planeta.


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