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Paula Cesarino Costa

Olhe a paisagem

RIO DE JANEIRO - A primeira descrição veio de quem estava a bordo das caravelas portuguesas que desbravaram a baía de Guanabara em 1502. A cadeia de montanhas com os imensos morros de pedra, as pequenas ilhotas, o relevo e a vegetação exuberante tiravam o fôlego. Entre tanta beleza, a cidade foi construída, habitada e malcuidada.

"Aqui a natureza e os portugueses agiram de maneira oposta: tudo o que aquela fez é exuberante e grandioso, enquanto a obra destes são pobres e mesquinhas. O mais belo esboço não poderia contar com um pior finalizador do desenho", observou o cirurgião britânico James Prior, em 1812, numa das apressadas descrições reunidas por Jean Marcel Carvalho França em "Viajantes estrangeiros no Rio de Janeiro Joanino" (José Olympio Editora).

A paisagem carioca é um dos principais ativos da cidade e volta e meia está em meio a polêmicas urbanas. Vale lembrar três delas:

1) investimento de R$ 200 milhões no acesso à baía para evitar a fila de navios que macula a vista de quem está nas praias da zona sul. "Parece uma favela na frente da cidade", afirmou o prefeito Eduardo Paes;

2) a localização e o formato do novo píer do porto, com vagas para cruzeiros, que impediria a vista de pontos turísticos como o Mosteiro de São Bento e o Museu de Arte do Rio;

3) proibição do estacionamento de utilitários na orla, usados como depósitos por barraqueiros. "Formam um paredão de Kombis", reclama o secretário Carlos Osório (Transportes).

Mas nem sempre paisagem é prioridade da prefeitura. Na histórica área do porto, autorizou a construção de megatorres de 50 andares, como as anunciadas Trump Towers --cinco torres de 150 metros de altura.

Na zona oeste, em área de valor ambiental, a Vila dos Atletas terá prédios de invencíveis 17 andares.

O poder público age como se fosse um viajante descompromissado.


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