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Opinião

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Ruy Castro

Pós-Beatles

RIO DE JANEIRO - Outro dia, li num importante colunista que, "[para Woody Allen], a música popular morreu desde os Beatles, tal como para Paulo Francis e Ruy Castro". Não sei de Woody e Francis, mas devo retificar o que se refere a mim. Não acho que a música popular tenha morrido desde os Beatles. Ao contrário. Sabendo-se que eles surgiram em meados de 1963, com "She Loves You" e "I Want to Hold Your Hand", quanta gente boa não veio depois? Eis alguns.

Para ficarmos apenas no Brasil, justo naquela época apareceram Baden Powell, Jorge Ben e Orlandivo. Podia ser melhor? Dali a pouco, o samba-jazz de Moacir Santos, Edison Machado, Raul de Souza, Tenório Jr. e muitos mais fariam da nossa música instrumental a melhor do mundo. E Marcos Valle, Edu Lobo, Francis Hime, Dori Caymmi e Pingarilho ainda levariam um ano para aparecer --quando eles se revelaram, no começo de 1964, os Beatles já estavam em cartaz com "Os Reis do Iê, Iê, Iê".

Nara Leão, Wilson Simonal, Elis Regina, Leny Andrade e Gal Costa foram intérpretes fabulosos que o Brasil só conheceu depois dos Beatles. Idem quanto a Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Chico Buarque, Sidney Miller e dona Ivone Lara, entre os compositores.

Cartola, Zé Kéti e João Donato, que vinham do passado, construiriam a melhor fase de suas carreiras depois dos Beatles. E o que dizer de João Nogueira, Aldir Blanc, João Bosco, Beth Carvalho, Tim Maia, Clara Nunes, Nei Lopes, Rita Lee, Guinga, Leila Pinheiro? Todos pós-Beatles.

Mesmo hoje, não perco um show de Marcos Sacramento, Joyce Moreno, Moacyr Luz. Aliás, nunca houve época em que eu não gostasse de algo que estava acontecendo. Uma de minhas admirações em 1968, por exemplo, foi o tropicalismo, sobre o qual escrevi repetidamente no "Correio da Manhã". A música não começou com os Beatles, nem terminou com eles.


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