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Letícia Sander

Imprevisível

RIO DE JANEIRO - Não poderia ser tão discrepante o tom da entrevista da presidente da Petrobras, Graça Foster, publicada nesta Folha no domingo, e o da concedida pela chefe da estatal a "O Estado de S. Paulo" há um mês, quando a ideia de uma "fórmula" de reajuste automático para a gasolina e o diesel ainda não tinha sido oficialmente abortada pelo governo federal.

Ao "Estado", uma Graça objetiva e altiva chegou a tascar o seguinte: "Se eu não dei resultado, me demite. Tira a Graça porque não está performando. É muito mais previsível do que ficar explicando o tempo todo".

Trinta dias depois, surgiu uma Graça com menos vigor. À Folha, ela clamou por uma "compreensão maior" do mercado sobre o reajuste de preços dos combustíveis recém-anunciado, insistiu que segue de pé a tal "metodologia" (note-se que o termo mudou), que garantiria mais previsibilidade ao caixa da companhia, e negou o quanto pôde qualquer mal-estar na relação com o ministro Guido Mantega, na contramão de relatos de bastidor com farta descrição de troca de hostilidades.

Até aqui, Graça foi tratada como queridinha pelo mercado, ganhou prêmios, foi perfilada pelos principais veículos de comunicação do mundo, retratada como a gerentona que defende a principal estatal do Brasil com unhas e dentes. É até previsível sua tentativa de pôr panos quentes numa disputa que segue evidente. Já emplacar a tese...

Melhor que ninguém, ela sabe que o mercado financeiro não funciona na base da boa vontade. E que, no fundo, ao optar por não divulgar os parâmetros desse mecanismo de reajuste, está dando pouco ou nenhum motivo para esse mercado "compreender" a Petrobras e rejeitar o senso comum segundo o qual os aumentos não obedecem a critérios puramente técnicos, nem são decididos levando em conta apenas a saúde financeira da empresa.


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