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Ruy Castro

Péssimo para os negócios

RIO DE JANEIRO - Os japoneses estão acumulando tecnologia para transmitir futebol por holografia. Não sobre uma tela comum, como a do cinema ou da TV, mas no gramado, mesmo. Você comprará o ingresso para um jogo xis, a ser disputado em Tóquio, Londres ou Madri, irá ao estádio da sua cidade e "assistirá" à partida com os jogadores correndo em campo em tamanho real, como se estivessem ali de verdade. O som, também, em volume real.

O que confirma a frase que me foi dita há anos por Hans Henningsen --o famoso "Marinheiro Sueco", como o chamava Nelson Rodrigues-- sobre o futuro do futebol: "Um dia, os jogos serão assistidos somente pela televisão". O então alto executivo da Puma conhecia as entranhas do futebol e suas tendências como business. Por "televisão", Hans queria dizer qualquer tecnologia que permitisse torcer remotamente.

O fuzuê armado ainda hoje pela Fifa envolvendo "arenas" e tudo que elas podem render tenta apenas aproveitar os estertores do futebol físico, com suas torcidas ao vivo. E mesmo estas já estão sendo reduzidas à elite que assiste aos jogos tomando champanha nos camarotes. A Fifa quer tudo, menos brigas nos estádios entre pés de chinelo. Não porque, às vezes, produzem um cadáver, mas porque são péssimas para os negócios. O futebol que ela prepara para o futuro será um megavideogame, gerando vendas idem de tudo que lhe diga respeito.

A julgar pela brutalidade nos estádios do Brasil, é de se pensar se a Fifa não estará certa. Em 2012, 22 pessoas morreram em brigas entre torcidas; em 2013, já são 30. Todos os clubes têm facínoras entre seus torcedores --capazes de arruinar um espetáculo, mesmo que virtual.

O que me leva a perguntar se, melhor do que jogadores em 3D, por que não os craques em carne e osso no campo, assistidos por uma torcida --esta, sim-- holográfica?


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