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Opinião

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Trégua nos EUA

Após dois anos de embates acirrados que resultaram na paralisação temporária do governo dos EUA em outubro e quase levaram o país ao calote da dívida, deputados democratas e republicanos enfim puseram algumas diferenças de lado e chegaram a um acordo para o Orçamento até 2015.

A proposta, aprovada na Câmara, ainda precisa ser votada no Senado, mas dificilmente enfrentará resistência, já que o governo tem a maioria nessa Casa.

Embora seja modesto --os gastos passarão de US$ 960 bilhões para US$ 1 trilhão no próximo ano, e o deficit, hoje de US$ 642 bilhões, será reduzido em US$ 22,5 bilhões até 2023--, o pacto traz grande significado político e econômico.

Trata-se de rara iniciativa bipartidária de sucesso a respeito da questão orçamentária. Nos últimos anos, o Partido Republicano, instado pelos ultraconservadores do Tea Party, mantinha-se entrincheirado numa oposição radical ao presidente Barack Obama.

Desta vez, houve concessões de ambas as partes. Democratas não exigiram aumentos de impostos e republicanos não se fixaram em expressivos cortes sociais.

Com o acordo, diminui de maneira significativa, pelo menos até 2015, a incerteza sobre o tema --o que sempre mina a confiança e atrapalha investimentos privados.

Outro benefício é a ampliação dos gastos públicos nos próximos dois anos (mais US$ 63 bilhões), uma contrapartida pela redução de longo prazo. Na atual conjuntura de crescimento fraco, trata-se de ajuda relevante.

Em 2013, a demanda privada (consumo e investimento) tem aumentado perto de 3,5%, mas o PIB se expande em apenas 2%. Isso ocorre porque o governo cortou gastos, brecando a economia. Estima-se que tal retração tenha subtraído quase dois pontos percentuais do crescimento, efeito que deve ser menor no ano que vem.

O acordo é mais um elemento favorável nesse contexto. A se confirmar o prognóstico de um Orçamento menos apertado, é possível que a economia americana cresça bem acima de 3% em 2014. O banco central americano, por sua vez, terá mais segurança para reduzir a injeção de dinheiro na praça, reforçando a tendência já existente.

O cenário econômico mais favorável, porém, ainda depende, ao menos em parte, de outros pactos na política. Não houve, no Congresso americano, entendimento quanto ao limite da dívida dos EUA. Essa questão será resolvida apenas nos próximos meses --quando democratas e republicanos precisarão dar novos sinais de maturidade.


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