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Trânsito inseguro

Adiar instalação obrigatória de itens de proteção em carros prejudica quem buscou se adaptar às novas regras e penaliza a população

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, quer, em nome dos interesses de algumas montadoras e sindicatos, atrasar um programa de aumento da segurança de automóveis. Quer fazê-lo na undécima hora no intuito de remendar, mais uma vez, os problemas causados por uma política econômica malsucedida.

Na semana passada, Mantega tornou pública a intenção de desobrigar as fábricas de equipar todos os veículos que produzem com freios ABS (que evitam derrapagem) e airbags a partir de janeiro de 2014. Dois itens que reduzem sobremaneira o número e a gravidade dos acidentes automotivos.

O ministro diz estar preocupado com os efeitos que a adequação dos veículos a tais requisitos de segurança pode ter sobre a inflação e o emprego. Carros mais bem equipados custariam mais caro. Alguns modelos, em especial os ditos populares de projeto mais antigo, deixariam de ser produzidos, o que provocaria demissões.

A lei que determinou a instalação de airbags em automóveis data de março de 2009. Em abril daquele ano, o Conselho Nacional de Trânsito regulamentou a instalação do equipamento, assim como decidiu que os freios dos veículos deveriam passar a ser do tipo ABS. Estipulou, ademais, um cronograma de adequação paulatina das montadoras.

Ainda que os problemas levantados pelo ministro pudessem ser tomados pelo valor de face, governo, montadoras e sindicatos tiveram mais de quatro anos para discutir a questão e buscar alternativas.

Em vão. Mas, faltando menos de 20 dias para a plena entrada em vigor dos novos padrões de qualidade, o ministro resolve agir. Tal imprevidência só pode ser qualificada de amadorística e negligente.

A mudança prejudica empresas que se prepararam para as novas regras --tanto montadoras como fornecedoras que investiram acreditando na seriedade da lei.

É questionável, além disso, se deve haver demissões e mesmo aumento de preços. A fabricação de carros é um negócio pouco transparente; empresas são protegidas pelas mais altas tarifas, por cotas informais e exigências de nacionalização que barram concorrentes estrangeiros. Apesar disso, mal conseguem disputar o mercado sul-americano. Não tiveram tempo para se tornarem mais eficientes? Onde estão seus números?

Por fim, e mais importante, o "lobby" das montadoras e sindicatos relacionados, com a complacência do governo, pouco se preocupa com a população, que já esperou demais para contar com veículos que, se não são da melhor qualidade, pelo menos deveriam ser mais seguros.


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