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Opinião

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Sem paz no Sudão do Sul

É preocupante o acirramento das disputas políticas e étnicas no recém-independente Sudão do Sul.

Mais de 500 pessoas, segundo estimativa conservadora das Nações Unidas, foram mortas desde a semana passada, quando começaram os conflitos armados entre o grupo étnico majoritário dinka, ao qual pertence o presidente Salva Kiir, e a minoria nuer, do ex-vice-presidente Riek Machar.

Há ao menos 80 mil refugiados internos. Estados ocidentais, como EUA e Reino Unido, têm organizado às pressas missões para retirar seus cidadãos do Sudão do Sul.

Não é só o presidente americano, Barack Obama, que vê o país à beira de um precipício. Diversas organizações consideram iminente uma batalha sangrenta no jovem Estado africano --já marcado, em sua origem, pela morte de 2 milhões de pessoas durante longa guerra civil a partir dos anos 1980.

Antes parte do Sudão, esse território rico em petróleo conquistou a independência em julho de 2011, com o maciço apoio de 98% da população local. Desde então, o país se notabilizou por desarranjos institucionais e desavenças entre grupos políticos e militares.

As tensões se exacerbaram em julho deste ano, quando o vice-presidente Machar foi demitido do governo, o que gerou grande insatisfação entre os nuer.

Na semana passada, a violência se alastrou pelo país após confronto de facções do Exército de Libertação do Povo do Sudão.

Sem instituições imparciais ou imprensa local independente, é difícil esclarecer a origem do conflito. Conhece-se por ora apenas a guerra de versões: o presidente Kiir afirma que seu ex-vice orquestrou uma tentativa de golpe, enquanto os rebeldes dizem que o mandatário tenta eliminar seus rivais.

Conforme a imprensa internacional começou a chegar ao país nesta semana, multiplicaram-se os relatos de que assassinatos por razões étnicas, cometidos pelos dois grupos, têm em muito extrapolado o âmbito da disputa política.

Regiões da capital Juba antes habitadas pela minoria nuer estão desertas e abandonadas. No interior, os rebeldes promovem o assassinato de civis da etnia dinka.

É preciso que a comunidade internacional esteja pronta para responder aos desdobramentos dessa escalada de violência.

Não se deseja, afinal, que o Sudão do Sul reviva a tragédia do massacre étnico de Ruanda --onde, entre abril e julho de 1994, a maioria hutu promoveu a morte de mais de 800 mil habitantes da minoria tutsi sem qualquer intervenção mais firme da ONU.


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