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Opinião

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Fernando Cotait Maluf

Para combater o câncer

É importante a escolha de centros de referência desde o primeiro diagnóstico de câncer, e não somente diante do insucesso do tratamento

O aumento da incidência do câncer ao redor do mundo é alarmante. Estima-se que, na próxima década, quase 20 milhões de novos casos serão diagnosticados anualmente. Será a principal causa de morte, superando as doenças cardiovasculares.

Diversas barreiras limitam o sucesso dos tratamentos, incluindo o diagnóstico realizado em fases mais avançadas (40% a 60% dos casos) e o fato de cada tipo de tumor, mesmo que pareçam semelhantes ao patologista, guardar diferenças moleculares de um paciente para outro ou até no mesmo, quando áreas distintas passam por biópsia.

Múltiplos mecanismos biológicos são responsáveis pelo desenvolvimento do tumor, dificultando a ação dos medicamentos, que em geral bloqueiam somente um ou dois deles.

Recentemente, outra barreira para o sucesso tem sido reportada pela literatura mundial: o tratamento do câncer em centros que não são altamente especializados e por médicos sem vasta experiência na área.

Um estudo europeu avaliou os resultados da cirurgia para extirpar o câncer de esôfago e de estômago em mais de 20 mil pacientes. Os dados demonstraram que as taxas de mortalidade nos primeiros 30 dias após a cirurgia foram reduzidas em 45% e 36%, respectivamente, quando os pacientes foram tratados em centros que realizavam mais de 40 procedimentos como esse anualmente em comparação com centros que realizavam somente de um a dez.

Outro levantamento europeu avaliou os resultados da cirurgia para tratamento de câncer de ovário avançado em 1.077 mulheres. Pacientes operadas em hospitais especializados apresentaram chances 70% maiores de uma cirurgia completa. Quando a operação foi realizada por médicos especialistas, a chance de sucesso foi quase três vezes superior, com uma vida a mais salva a cada três pacientes tratadas.

O benefício oferecido pela expertise dos centros oncológicos não se resume ao cirurgião. Estudo posterior reportou que das 761 pacientes que necessitaram de tratamento quimioterápico 20% salvaram a vida ao serem tratadas em hospitais cujos médicos oncologistas tinham maior experiência nesse tipo de tumor.

Os dados se replicam nos tumores que acometem o homem. O câncer de próstata é o mais comum, atingindo um a cada seis indivíduos. Uma revisão de 45 estudos demonstrou menor mortalidade, menor taxa de recorrência da doença e menores chances de incontinência urinária e impotência sexual quando a cirurgia foi feita em centros especializados por cirurgiões com vasta experiência. O risco de complicações pós-operatórias foi 43% menor, além do tempo inferior de permanência no hospital, menor chance de readmissão hospitalar e consequente redução dos custos em até 15%.

Esses dados refletem como hospitais especializados no tratamento do câncer e seus médicos podem influenciar positivamente as taxas de cura sem necessidade de tratamentos adicionais e também contribuir com a diminuição dos efeitos colaterais decorrentes da cirurgia, com consequente melhoria na qualidade de vida do paciente e redução de custos.

Está claro que o câncer, sabidamente uma doença de risco à vida, deve ser tratado preferencialmente em grandes centros, públicos ou privados, que realizem procedimentos cirúrgicos, radioterápicos e medicamentosos em grande quantidade e com excepcional qualidade.

É importante que pacientes e familiares tenham a percepção de que o melhor momento para curar um câncer é no primeiro diagnóstico. Quando o tratamento inicial falha, as chances de sucesso diminuem drasticamente, mesmo em grandes centros e nas mãos de médicos experientes. É importante a escolha de centros de referência desde o início, e não somente diante do insucesso do tratamento. Assim, as chances de cura são otimizadas e as mazelas do tratamento mitigadas.


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