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Opinião

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O risco do pessimismo

É cada vez maior o pessimismo do empresariado brasileiro. Três anos de decepções com o desempenho da economia e a falta de evidências de que o governo atua ou atuará para sanar os conhecidos empecilhos aos negócios reduzem a disposição de investir, sem o que será difícil sair do atoleiro.

A mais nova evidência é a pesquisa conduzida pela consultoria britânica Grant Thornton com 300 empresas brasileiras de médio e grande porte ao longo de 2013. O mesmo estudo é feito em 44 países, somando 13 mil entrevistas em diversos setores, como indústria, serviços, varejo e construção.

Com base em algumas perguntas para medir o nível de confiança dos dirigentes, chega-se a um resultado que pode variar de -100 (pessimista) a +100 (otimista).

O Brasil apareceu com um índice positivo de 10% --ainda otimista, portanto, mas representando uma queda vertiginosa em relação aos 48% de 2012. O país ficou em 32º lugar, bem abaixo da média dos 44 países (27%).

A informação mais relevante é a própria variação de um ano a outro, que acompanha as mudanças na economia. O otimismo no país ainda supera o de outros mais atingidos pela crise, como Espanha (-9%) e Grécia (-20%), mas estes tiveram altas de 40 e 32 pontos, enquanto o Brasil perdeu 38 pontos.

Destaca-se que apenas 22% dos empresários brasileiros tenham manifestado confiança para realizar novos investimentos neste ano.

Há, além disso, outro aspecto a considerar: o aparente paradoxo entre o pessimismo e o baixo nível de desemprego. A taxa de desocupação de 4,6% é a mínima da série histórica, o que tornaria a queixa empresarial pouco representativa.

Não há, contudo, contradição. A despeito dos avanços dos últimos anos, parece emergir um desconforto, ainda difuso, mas generalizado, de que as coisas não vão bem. Por ora, a alta aprovação do governo federal convive com o desejo de mudanças apontado por dois terços dos entrevistados em recente pesquisa Datafolha.

Se a situação do emprego segue positiva, os ganhos têm se reduzido. A renda do trabalho cresce 2,5% ao ano, cerca da metade do ritmo obtido entre 2007 e 2011.

O crédito ao consumo, por sua vez, manteve-se estagnado nos últimos dois anos. Por essa razão, as vendas de bens duráveis, em especial de automóveis, devem cair neste ano. A foto ainda é alegre, mas o filme começa a ficar triste.


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