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Opinião

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Sanções e tensões

Pressão doméstica nos EUA e no Irã é obstáculo para o acordo provisório sobre programa nuclear persa, que começa a valer no dia 20

Sob crescente oposição doméstica, os governos dos Estados Unidos e do Irã anunciaram que o acordo preliminar sobre o programa nuclear persa entrará em vigor na próxima segunda-feira.

O compromisso havia sido firmado em novembro, mas detalhes técnicos atrasaram sua implementação. Em linhas gerais, Teerã submeterá suas instalações nucleares a inspeções mais rigorosas, diminuirá o grau de pureza de enriquecimento do urânio a 5% --adequado só para a produção de energia-- e inutilizará o estoque enriquecido acima desse nível.

Em troca, o regime comandado pelo aiatolá Ali Khamenei receberá cerca de US$ 4,2 bilhões e ficará livre de novas sanções econômicas. As medidas valem por seis meses e funcionarão como teste para um tratado definitivo.

É de lamentar, assim, que tenha ganhado apoio no Senado americano uma proposta legislativa que pode embaraçar as tratativas diplomáticas do governo Barack Obama.

Trata-se da chamada "Lei por um Irã livre de armas nucleares". Embora o instrumento prescreva o endurecimento de sanções ao país persa apenas em caso de descumprimento de itens do acordo preliminar, sua aprovação conturbaria um ambiente já tenso, ampliando a desconfiança e ameaçando a continuidade das negociações.

Não por acaso Obama afirmou que a imposição de sanções adicionais poria em risco os esforços para resolver pacificamente a questão. Por essa razão, tem prometido barrar leis voltadas a esse fim.

Ocorre que, nas últimas semanas, o número de senadores favoráveis à prescrição de punições ao Irã passou de 24 para 59. Se a lei for aprovada com 67 votos, o veto presidencial poderá ser derrubado.

Os prejuízos da iniciativa seriam automáticos, sobretudo porque, do lado iraniano, permanece vivo um razoável grau de ceticismo --e não só entre os ultraconservadores.

A despeito das ações moderadas do presidente iraniano, Hasan Rowhani, seu vice-chanceler declarou que Teerã não confia nos ocidentais e prometeu descumprir termos do acordo se novas sanções contra o regime forem aprovadas.

Não é só. Um grupo de parlamentares iranianos ameaça votar uma lei que, se aprovada, obrigará o país a enriquecer urânio a 60%. Esse patamar constituiria claro indicativo de que o programa nuclear estaria perseguindo a fabricação de bombas atômicas --horizonte que, de resto, a elite local não parece ter abandonado.

É evidente que tensões dessa natureza não se dissiparão com facilidade. Mas o acordo provisório, e os avanços concretos que dele podem decorrer, representa a melhor alternativa à disposição dos presidentes dos EUA e do Irã para superar as resistências domésticas.


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