Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Chacinas em Campinas

Cabe ao governador Alckmin e ao secretário da Segurança agir para restabelecer o mais depressa possível a confiança na Polícia Militar paulista

Num espaço de cerca de três horas, a região oeste da cidade de Campinas presenciou as mortes a tiros de 12 homens que tinham entre 17 e 30 anos. O número equivale à média mensal de assassinatos na cidade durante o ano passado.

Em dois locais houve verdadeiras chacinas, com quatro mortos num caso e cinco no outro. De acordo com os relatos, homens encapuzados desceram de seus veículos e mataram os jovens com tiros na cabeça e no tórax, ao estilo dos grupos de extermínio.

A violência incomum dos episódios já bastaria para suscitar inquietação. Ainda pior, há uma razão adicional para preocupação: os principais suspeitos dos crimes são policiais militares. Ou seja, agentes do Estado cuja atribuição é zelar pela segurança pública.

A hipótese foi ventilada não só por familiares das vítimas, mas também pela Polícia Civil --que ressalva não descartar outras motivações, como disputas entre quadrilhas-- e, de forma reservada, pela Secretaria da Segurança Pública.

Segundo essa linha de investigação, um grupo de policiais militares teria cometido os homicídios no intuito de vingar a morte de um colega, assassinado horas antes ao reagir a um assalto.

Nada está provado, e os indícios a apontar na direção da PM são apenas circunstanciais, por ora. Mas a convicção de que agentes de segurança estariam por trás dos homicídios em série se espalhou rapidamente. Como reação, moradores da região bloquearam um terminal de ônibus, incendiaram três coletivos e depredaram outros seis veículos.

É um sintoma grave da perda de confiança de parte da população no poder público, identificado como responsável pela prestação de serviços --como os transportes coletivos-- sempre tão deficientes. Pelo menos um parente das vítimas falou em "declaração de guerra" contra a Polícia Militar.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, parecem dispostos a acompanhar pessoalmente as investigações, garantindo profundidade, isenção e celeridade. É bom que assim o façam. A questão é grave demais para ficar a cargo apenas dos oficiais a eles subordinados.

Como disse o secretário, entre os cerca de 90 mil homens que compõem a PM, é possível que "algumas pessoas tenham se desviado".

Mesmo que as atrocidades tenham de fato sido cometidas por esses policiais desencaminhados --o que, repita-se, está por ser provado--, somente uma apuração rápida afastará a desconfiança que ameaça contaminar a corporação e dificultar ainda mais sua missão de garantir a segurança pública.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página