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Opinião

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Ruy Castro

Aqui, d'El-Rei!

RIO DE JANEIRO - Em 11 de julho de 1605, a Santa Casa da Misericórdia do Rio dirigiu ao rei Filipe 3º da Espanha e 2º de Portugal uma petição em que relacionava os serviços que "há 60 anos" (desde 1545) prestava à pequenina Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e pedia equiparação aos "privilégios e graças" de que gozavam as Santas Casas da metrópole.

Entre esses serviços, estavam dois hospitais, uma sacristia, um parlatório, "muitas esmolas", a "educação de expostos" (abrangendo a roda dos enjeitados e o recolhimento das órfãs) e o "consolo extremo, seguido de piedoso funeral aos padecentes". Aliás, a ela cabiam todos os enterramentos. Providenciava-se também que, verificada a pobreza e o desamparo de um preso, se tomasse conta de sua causa --ou seja, uma defensoria pública-- e mesmo a "diligência do perdão".

A 8 de outubro de 1605, Filipe respondeu: "Eu, El-Rei, faço saber aos que esta alvará virem que [...] me apraz que eles [o provedor e os Irmãos da Santa Casa da Misericórdia da Cidade do Rio de Janeiro] possam usar e gozar de todas as provisões e privilégios concedidos à Casa da Misericórdia de Lisboa. Cumpram como nela se contém, o qual hei por bem que valha como carta" etc.

De 1545 --desde sua fundação pelo padre Anchieta junto à Praia Vermelha, sob as flechas dos tupinambás, e, depois, sua transferência por Estácio de Sá para onde ainda hoje se encontra, no Castelo-- até nossos dias, foram 469 anos de uma história de que o Rio se orgulha.

História que não merecia a mancha de sua atual administração, acusada pelo Ministério Público de estelionato, formação de quadrilha, apropriação indébita, falsidade ideológica e corrupção, configuradas na venda fraudulenta de imóveis de seu patrimônio e de negociatas com sepulturas em 13 cemitérios da cidade. Aqui, d'El-Rei!


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