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Hélio Schwartsman

Tribos morais

SÃO PAULO - O filósofo e psicólogo Joshua Greene publicou um livro que é ao mesmo tempo importante, ambicioso e gostoso de ler. Trata-se de "Moral Tribes" (tribos morais).

Para Greene, que é diretor do laboratório de cognição moral de Harvard, a evolução nos equipou relativamente bem para lidar com o problema do antagonismo entre nossos interesses individuais e a necessidade de cooperação. Viemos de fábrica com um sistema automático, isto é, uma série de sentimentos como empatia, vergonha, gratidão, vingança, indignação, que conseguem operar o pequeno milagre de fazer com que sejamos suficientemente egoístas para sobreviver e coletivistas o bastante para prosperar como grupo.

O problema é que esse sistema automático funcionava bem quando vivíamos em tribos pequenas, homogêneas e conhecíamos cada pessoa com quem interagíamos. No mundo moderno, em que habitamos megalópoles em que convivemos com gente dos mais diversos backgrounds culturais, esse equipamento moral intuitivo vira fonte de desavenças.

Qual moral devemos aplicar para decidir, por exemplo, sobre o casamento gay? A que diz que isso é um pecado ou a que proclama que adultos capazes fazem o que querem desde que não prejudiquem terceiros? É o que Greene chama de tragédia da moralidade do senso comum. O choque entre diferentes morais incompatíveis está por trás não só das grandes polêmicas da atualidade como de conflitos reais e do terrorismo.

Para o autor, a melhor chance de nos entendermos é encontrar uma metamoralidade que nos permita ao menos avaliar esses assuntos sob um prisma comum. Segundo ele, só quem pode pretender essa universalidade é o utilitarismo. A maximização da felicidade e a redução do sofrimento é o que de mais perto há de um valor por todos compartilhado. É aqui que o livro de Greene vai ficando mais polêmico, e os problemas filosóficos levantados, mais complexos.

helio@uol.com.br


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