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Opinião

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Zélia Cardoso de Mello

O que nos espera

Parece que Dilma, apesar do discurso, não crê que a confiança da classe empresarial seja fundamental para o sucesso da política econômica

Acredito que 2014 esteja dado. Não haverá mudança na condução da política econômica e, se houver, não será necessariamente positiva.

O ano é eleitoral; o que pode haver é uma tendência de se gastar mais, como em 2010. Não há crise, o país continua crescendo, tem baixo desemprego, expressivas reservas internacionais e uma classe empresarial atuante e inovadora.

A atual administração não tem um bom "track record" (histórico) em termos de crescimento econômico, e isso não decorre apenas da conjuntura mundial mais desfavorável. Mais importante são as decisões tomadas por este governo e o anterior.

O governo Lula, apesar de ter apresentado taxas de crescimento melhores, foi vítima do próprio sucesso: a popularidade do presidente, a superação da crise de 2008 mais rápida que a de outros países, a ascensão da classe média, o aumento do consumo --enfim, o fato de que tudo ia bem acabou por desestimular a continuação das reformas estruturais que vinham caminhando até 2005.

Dilma Rousseff assumiu o governo no embalo do crescimento de 2010, com alta popularidade, boa imagem no exterior, indicadores macroeconômicos positivos. De novo, não havia incentivo político para reformas. Entretanto, uma coisa é não continuá-las, outra coisa é andar para trás com aumento do intervencionismo, mudança de regras, protecionismo, ingerência no Banco Central, relaxamento fiscal... Precisa de mais? Acho que não.

Em ano eleitoral, é difícil para qualquer governo exercer sobriedade fiscal e monetária. Mais difícil ainda para um governo que, no fundo, não acredita que isso tenha valor. Infelizmente, o problema é ideológico.

A presidente Dilma é diferente do presidente Lula. Ela é economista, tem opiniões próprias provavelmente solidificadas e gosta de se envolver com os detalhes da administração. Parece-me que Dilma, apesar do discurso, não acredita que a confiança da classe empresarial seja fator fundamental para o sucesso da política econômica. Parece-me que o governo acreditou que o aumento do consumo seria suficiente para garantir o crescimento econômico; quando a ideia não se confirmou, começou o intervencionismo.

Segundo um estudo do Barclays, entre 2011 e 2012, o governo tomou 42 medidas diferentes para estimular o crescimento e controlar os fluxos de capital. Os setores elétrico e energético sofreram com as medidas do governo e também com a utilização de controle de preços para segurar a inflação.

Sem tempo para mudar o panorama econômico, não há por que pagar o preço de se fazer ajustes. A campanha presidencial deverá se basear nas conquistas sociais.

Nada mudará na condução da política econômica neste ano e, portanto, devemos continuar com os mesmos problemas. Considerando-se que, nos últimos anos, a meta de superavit fiscal foi atingida por meio de artimanhas, o cenário pode até piorar. Já os resultados da balança comercial contribuem para a piora da percepção externa.

Para não citar somente dados negativos, vale salientar que o Banco Central retomou as rédeas da política monetária --uma boa notícia.

Minha esperança para o Brasil em 2014, além de ganharmos a Copa, é que 2015 chegue logo.


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