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Ruy Castro

Os donos das cidades

RIO DE JANEIRO - Nesta terça-feira, na Linha Amarela, importante via expressa do Rio, a caçamba levantada de um caminhão chocou-se contra uma passarela, que caiu, esmagou dois carros e deixou cinco mortos. O caminhão estava rodando fora do horário permitido e em excesso de velocidade. A passarela, de 120 toneladas, ficava a 4,5 metros de altura e tinha 42 metros de extensão. Imagine o tamanho e o peso desse caminhão para derrubar tal estrutura.

Pode-se discutir se as passarelas deveriam ser mais altas ou construídas com material mais sólido, ou se não há sistemas de alarme para prevenir choques, e certamente os engenheiros já pensaram em tudo isso e buscam soluções. Mas nada altera o fato de que as cidades fo- ram invadidas por brontossauros de 4 --às vezes, 8 ou 12-- rodas, incompatíveis com o bom senso.

Ruas abertas nos anos 40 pela escala de carros de passeio são hoje trafegadas por ônibus gigantescos, muito maiores e mais altos do que os de há poucos anos. Sem contar os que se multiplicam por dois ou três e, integrados por aquelas sanfonas, tentam fazer curvas e dobrar esquinas que não os comportam. Essas mesmas ruas recebem caminhões-tanque, carretas e outros pesos-pesados que circulam até pelo centro histórico de cidades delicadas, como Petrópolis, Ouro Preto e tantas mais.

Calçadas recém-refeitas, depois de alguma obra que as esburacou, são tomadas pelas onipresentes caçambas de entulho e destruídas de novo. E os próprios carros particulares deixaram de ser os leves e convencionais, cada qual ocupando um espaço razoável, para ser substituídos por jamantas mais apropriadas, no tamanho e na altura, às estradas ou à zona rural.

Que os humanos sejam coadjuvantes dos carros em suas próprias cidades parece inevitável. Mas será obrigatório se deixarem esmagar por eles?


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