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Opinião

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Hélio Schwartsman

Depois da tempestade

SÃO PAULO - Lula é uma espécie de gênio da economia, que conseguiu fazer o país crescer enquanto o resto do mundo amargava a pior crise de todos os tempos, ou apenas teve sorte? Os novos desdobramentos da conjuntura econômica internacional trazem elementos para que comecemos a tentar responder a essa pergunta de forma desapaixonada.

Esse tipo de pergunta demanda tempo para ser respondida porque presente e passado são assimétricos. Nos domínios do agora, o número de incertezas que nos cerca é praticamente infinito. Já quando olhamos para trás, embora incógnitas possam subsistir, livramo-nos de uma quantidade assombrosa de possibilidades que não se realizaram e tudo fica muito mais transparente.

Tomemos um exemplo concreto. Depois da tempestade, qualquer meteorologista explica que as chuvas ocorreram porque a frente fria se moveu da maneira tal e tal, enquanto a massa de ar quente percorreu o trajeto tal. A porca torce o rabo quando o objetivo é prever como as frentes vão se comportar daqui em diante.

A diferença é que, no presente, as massas de ar estão sujeitas a um número ilimitado de interações possíveis, o que torna proibitivo o número de equações necessárias para determinar seu movimento. Quando olhamos para o passado, as interações que não ocorreram perdem o sentido, o que torna o terreno límpido e a sucessão de eventos, óbvia.

Os últimos acontecimentos econômicos deixam cada vez mais patente que o movimento de transferência de riqueza dos países ricos para os emergentes, devido ao boom das commodities principalmente a partir de 2006, foi decisivo para o bom desempenho do Brasil. Seria talvez injusto afirmar que o governo Lula apenas surfou nessa onda. Ao menos no primeiro mandato, a maré favorável foi acompanhada de medidas sensatas. Agora que esse ciclo parece ter se esgotado, as deficiências na gestão da economia vão se escancarando.


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