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Opinião

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Virar o jogo

No final de semana passado, cerca de cem membros de torcidas organizadas invadiram o centro de treinamento do Corinthians e promoveram uma exibição de intimidação e violência.

Enfurecida com os maus resultados da equipe, a horda depredou instalações, furtou objetos e obrigou atletas e comissão técnica a se trancafiarem numa sala. A Polícia Militar compareceu ao local, mas ninguém foi detido.

Episódios semelhantes já foram vistos inúmeras vezes Brasil afora. Como nada acontece, a selvageria continua a se repetir.

Desta vez, esboçou-se uma reação. Primeiro, jogadores do próprio Corinthians ameaçaram não entrar em campo no domingo passado. Depois, representantes dos atletas tentaram articular uma inédita greve em sinal de protesto.

Embora fracassada, a movimentação foi a nova evidência de que os protagonistas do esporte estão dispostos a romper de vez com a tradicional omissão da categoria.

A maior e mais importante novidade, dentro e fora dos gramados, surgiu no ano passado, com a constituição do Bom Senso F. C. A entidade congrega mais de mil jogadores com o propósito de melhorar um ambiente contaminado por uma miríade de problemas, dos quais as "invasões bárbaras" são apenas uma parte.

Como regra, o futebol ainda funciona no país como uma atividade precária do ponto de vista institucional, ineficiente em sua economia, promíscua nas relações com o meio político e propensa a conviver com negócios escusos.

Verdade que não são todas essas mazelas exclusivas do Brasil. Há péssimos exemplos em outros países, e a própria Fifa já se mostrou terreno fértil para a corrupção.

Salta aos olhos, porém, a defasagem entre os parâmetros de profissionalismo adotados nos principais polos e os observados aqui.

A realização da Copa tem precipitado comparações e questionamentos. Como um país que pretende promover um Mundial "padrão Fifa" convive com um futebol pré-histórico? A indagação destina-se não só aos dirigentes esportivos mas também aos governos e às instituições da República.

A maneira negligente e cúmplice com que os Poderes tratam esse esporte está entre as causas dos problemas. Em muitas casos, autoridades agem de modo a chancelar --e não modificar-- a situação.

É inegável, entretanto, que pressões modernizantes já se fazem sentir, e a presença dos jogadores é uma peça importante nessa engrenagem. Sem eles, será mais difícil virar o jogo.


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