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Bem-estar, mal-estar

Dados sobre a popularidade presidencial e as intenções de voto não parecem refletir o acúmulo de tensões sociais e econômicas no Brasil

Prossegue sem alterações significativas o quadro das intenções de voto para presidente da República, segundo a pesquisa Datafolha publicada hoje. Tampouco a popularidade de Dilma Rousseff (PT), parcialmente recuperada após uma vertiginosa queda por ocasião das manifestações de junho, conhece variação digna de nota.

Talvez seja esse, paradoxalmente, o dado de maior relevo a comentar nesse levantamento.

No plano econômico, acumulam-se indicadores de uma situação ainda mais difícil do que se prognosticava em meados de 2013.

A alta do dólar, os recordes negativos na balança comercial, as correções --sempre para baixo--no que se prevê para o PIB e o desempenho, insatisfatório ao extremo, dos investimentos seriam razões suficientes para deixar de sobreaviso os estrategistas do Planalto.

Por outro lado, a vida cotidiana de larga parcela da população está longe de espelhar aquilo que os especialistas americanos intitulam de "feel good factor", a vaga sensação de que tudo anda bem.

Basta lembrar fatores diretamente ligados ao dia a dia dos cidadãos, como as ameaças de apagão, o permanente colapso dos transportes e o agravamento da insegurança pública --de que são emblema o caso das patrulhas do Flamengo e seus acorrentadores de menores, assim como a renitência, desta vez assassina, dos tumultos protagonizados pelos "black blocs".

Enquanto se debate com a meta, aliás crivada de incógnitas, de realizar sem sustos a Copa do Mundo, e enquanto enfrenta, quase sempre sem glórias, as rebeliões de sua base parlamentar, o governo Dilma é considerado ótimo ou bom por 41% da população.

Bem longe, por certo, dos 65% que obtinha quase um ano atrás. Distante, todavia, dos meros 30% que registrou no final de junho.

Seja como for, continua fraca a penetração dos principais candidatos oposicionistas à Presidência. Marina Silva (PSB) chega a 23%, mas não tem garantida a cabeça de chapa na coalizão; os demais nomes, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), não passam de 16% das intenções de voto.

Da disparidade entre o cenário eleitoral e a inquietação pressaga que se sente nas metrópoles, algumas hipóteses podem-se aventar.

Talvez os indicadores de mal-estar venham apenas de setores localizados, e se constituam em fatos de curto voo. Talvez seja o próprio sistema institucional que se mostra incapaz de escutar e atender as demandas da sociedade --a qual, dividida, continua a esperar que as candidaturas deem conta dos dilemas que apresenta.


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