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Ruy Castro

Etiqueta do Carnaval de rua

RIO DE JANEIRO - Bem que, um dia, o poeta Dante Milano (1899-1991) escreveu: "Brasileiros, vocês hão de ter saudades do Carnaval". Quando ele disse isso, nos anos 30 --certamente em meio a multidões brincando enlouquecidas em Botafogo, no Catumbi, na Gamboa--, parecia estar adivinhando que, nas décadas de 70, 80, 90, e mesmo no Rio, o Carnaval se reduziria a um longo feriado de ruas tristes e vazias.

Bem, o Carnaval está de volta às ruas. Mas, como o fenômeno é recente, talvez algumas praças ainda não estejam muito familiarizadas com sua etiqueta e prática. Saberão, por exemplo, a diferença entre bloco e banda? Os blocos são miniescolas de samba --seus componentes cantam sambas novos, de sua própria autoria, ao som de uma bateria reduzida, mas respeitável. Já as bandas usam instrumentos de sopro e seu repertório consiste de marchinhas e sambas clássicos.

Bandas temáticas são permitidas --como, no Rio, a Sargento Pimenta, especializada em temas dos Beatles, ou a Fogo e Paixão, em homenagem ao cantor Wando, com direito a chuva de calcinhas--, mas sempre em ritmo de marcha. Blocos e bandas são gratuitos e democráticos. Cada folião se veste como quiser e ninguém pode ser encurralado por cordas.

Beijos de língua e à primeira vista são quase obrigatórios, desde que com consentimento mútuo. Não é preciso pedir desculpas quando se encosta casualmente --ou de propósito-- no chassis de alguém. Quem não quiser ser tocado no tríduo deve optar pelo retiro espiritual.

Confete e serpentina, tudo bem, mas espuma, nem pensar. Mijar em árvores, postes e paredes e pisotear canteiros, jamais --cabe à prefeitura instalar banheiros químicos e tentar proteger os jardins. E é definitivamente proibido rilhar os dentes, jogar o carro em cima do bloco e atropelar pessoas que querem apenas ser felizes.


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