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Opinião

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Politização na segurança

A notícia de que um grupo ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) pretendia resgatar da prisão seu líder confirma que a principal facção criminosa de São Paulo permanece ativa e disposta a desafiar o poder público. Felizmente, demonstrou-se também que o Estado estava preparado para identificar o plano com antecedência.

Os criminosos tencionavam usar um avião de pequeno porte e dois helicópteros para entrar na penitenciária de Presidente Venceslau (611 km de São Paulo).

As informações foram inicialmente divulgadas pela rede de TV SBT e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", que obtiveram um relatório sigiloso preparado pela Polícia Civil, pela Polícia Militar e pelo Ministério Público estadual.

A divulgação desses fatos provocou mal-estar entre os secretários Fernando Grella Vieira (Segurança Pública) e Lourival Gomes (Administração Penitenciária). Foi esta pasta que, por meio de escuta ambiental no presídio, descobriu os preparativos para a operação.

A turbulência no relacionamento entre os dois órgãos parece ter como pano de fundo a disputa eleitoral deste ano. Gomes é ligado a Antonio Ferreira Pinto, que deixou a Segurança Pública em novembro de 2012, em meio a uma escalada de assassinatos em São Paulo.

Futuro candidato a deputado federal pelo PMDB --que disputará o governo do Estado com o empresário Paulo Skaf--, Ferreira Pinto tem criticado a atuação de Grella. Partidário da "linha dura", acusa a atual gestão de ser tímida no combate ao crime e de tratar a PM "como organização criminosa", ao tentar reduzir o índice de mortes provocadas por policiais.

Num vídeo divulgado na internet, o ex-secretário declarou que, se o objetivo do governo é reduzir a letalidade, bastaria deixar a Rota, tropa de elite da polícia, "jogando futebol no quartel".

O próprio governador Geraldo Alckmin (PSDB) se irritou com a divulgação da notícia sobre o resgate, que permitiu a fuga dos envolvidos. O anúncio do desvendamento do plano e a prisão da quadrilha seriam um trunfo para o mandatário, que disputa a reeleição.

A inconveniente troca de farpas entre as secretarias e a insinuação de que o vazamento das informações poderia ser fruto de motivações eleitorais causam justificadas apreensões. Se a politização do serviço público é sempre inoportuna e indesejável, em área tão estratégica pode ser também perigosa.


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