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Opinião

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Vinicius Mota

Pobre Ucrânia

SÃO PAULO - Há uma curiosa coincidência na praça dos tumultos globais. A confusão política e o mal-estar econômico, fatores que às vezes se apresentam misturados, teimam em ocorrer em nações que concedem fartos ou crescentes subsídios internos ao consumo de energia.

Sim, nesse quesito a Venezuela é a Ucrânia --que também é a Argentina, o Irã e, numa escala bem menor, o Brasil. Governos e estatais desses países investem menos e se endividam mais para bancar parcelas importantes da conta final da eletricidade, do gás e da gasolina.

Ucranianos compram da Rússia mais da metade do gás que utilizam. Em dezembro, como parte do pacote para melar a aproximação entre Ucrânia e União Europeia, os russos cortaram um terço do preço do combustível enviado aos ucranianos.

A ajuda permitiria que a Ucrânia reduzisse os subsídios internos à energia e aliviasse um pouco o garrote nas finanças. As reservas cambiais estão em colapso, o deficit público é de quase 6% do PIB, e o governo torra metade da produção do país. Como se fosse uma padaria, recorre até a notas promissórias para manter o nariz fora d'água.

Mas falhou a tentativa de cooptação por parte do presidente russo, Vladimir Putin. A revolta popular em Kiev derrubou o líder que se inclinava para o Kremlin, e agora a questão se tornou também militar.

O primeiro míssil foi assestado contra o preço do gás. Os russos, claro, ameaçam elevar de novo a tarifa.

Pobre Ucrânia. Em 20 anos de independência após o fim da União Soviética, o país ficou para trás. A economia ucraniana é menor que a do Peru. O poder de compra de sua renda per capita mal supera o do Paraguai, equivale a 1/7 do norte-americano e a menos da metade do russo.

A população da Ucrânia envelhece e encolhe ainda mais depressa que a da Rússia. O país não parece ter forças para escapar do neoczarismo de Moscou.


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