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Ruy Castro

A cem dias

RIO DE JANEIRO - Se algumas sedes da Copa não se explicarem, completando as obras atrasadas, poderemos ter uma presença inusitada nos próximos protestos contra a competição. Nada menos que a do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Já quase o vejo em meio à turba, chutando portas, gritando palavras de ordem e brandindo um cartaz em que se lê "Não vai ter Copa!".

Não que o infeliz Valcke não queira a Copa. O que ele mais quer é a Copa. Para isso, veio ao Brasil quase 40 vezes desde 2008. Sentou-se em centenas de reuniões com Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Aldo Rebelo, Andrés Sanchez --espera-se que a Fifa lhe pague bem para isto-- e outros cartolas das províncias. Comeu poeira, velou operários mortos em acidentes e inspecionou instalações sanitárias e caixas de gordura de 12 estádios cujas obras não terminam nunca.

Pois, apesar de sua dedicação, há "arenas" que realmente podem ficar de fora da Copa. Em algumas, até hoje não se sabe quem vai pagar as "estruturas temporárias" --geradores, aparelhos de raios-X, detectores de metais, grades divisórias, centros de mídia e de transmissão de TV, telões de rua e uma série de dispendiosas miudezas que, ao fim do evento, terão pouca utilidade. Em outras, para desespero de Valcke, é a infraestrutura de telecomunicações que até agora não permite sequer postar uma foto.

O entorno dos estádios também é um pesadelo. Um deles precisa desalojar uma feira gigante para fazer o estacionamento, e os cruéis feirantes não querem deixar. Há atrasos no despacho de passageiros nos aeroportos e na duplicação de avenidas no trajeto para os estádios. E os muitos hotéis ainda pela metade obrigarão os visitantes a se hospedar na casa do caramba. Tudo isso a cem dias da Copa.

Valcke parece a cada dia mais velho, cansado e abatido. O Brasil não é para principiantes.


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