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Opinião

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Multidão de mundos

Houve um tempo, a partir do achado pioneiro em 1995, em que a descoberta de um único exoplaneta --corpo celeste similar à Terra e seus vizinhos, mas fora do Sistema Solar-- era uma grande notícia. Com a conta já na casa do milhar, os achados perderam algo de seu apelo. Até o advento de Kepler.

A sonda espacial que homenageia o matemático e astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630), lançada em 2009 pela Nasa, protagonizou o feito de maior magnitude até aqui nessa busca por astros que possam abrigar vida. Com base em imagens colhidas por ela, foi possível identificar de uma única vez 715 planetas, só numa seção vizinha da Via Láctea.

A nave Kepler foi desenhada para isso. Essencialmente um telescópio com câmera supersensível acoplada, registra de forma contínua a luz emitida por 100 mil estrelas da galáxia onde está a Terra. Corpos que transitam diante delas provocam pequenas variações em seu brilho, base do método para detecção de planetas.

A técnica, porém, origina falsos positivos, como tomar por planetas sistemas binários (duplas de estrelas que orbitam uma à outra).

A inovação da equipe que analisa os dados da Kepler foi buscar mais de um corpo em cada estrela monitorada, a chamada técnica da multiplicidade. De 3.061 candidatos mapeados pela sonda, somente 715 passaram pelo teste.

Apesar do salto de cerca de 70% no número de planetas identificados, não é o caso de entusiasmar-se com a perspectiva de detectar vida nos novos astros. A distância de apenas quatro deles é compatível com a existência de água líquida e, presume-se, de seres vivos.

Por outro lado, a análise que revelou tantos planetas foi feita a partir de dados reunidos pela sonda Kepler ao longo de dois anos. Como ela funcionou por quatro anos --até seu sistema de orientação sofrer uma pane, em maio de 2013--, há ainda muitas informações a esquadrinhar, exame do qual pode brotar nova multidão de astros.

Mesmo que alguns sejam habitáveis, em termos práticos isso mudará pouca coisa. Detectar vida em planetas a vários anos-luz da Terra é um desafio científico e tanto --para nada dizer da impossibilidade, com as tecnologias hoje disponíveis, de viajar até eles.

Tais limites nunca impediram o engenho humano de lançar-se no espaço, contudo. Nossa imaginação não convive bem com a hipótese de estarmos sós no universo.


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