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Opinião

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Alan Gripp

Lepo Lepo paulistano

SÃO PAULO - Parte expressiva dos paulistanos prefere passar as férias no Turcomenistão a encarar quatro dias de folia. A esses, sinto dizer, o Carnaval de rua de São Paulo pegou no tranco, confirmando os prognósticos pré-momescos.

O ziriguidum por aqui foi barulhento: mais de 200 blocos, pelo menos o triplo do ano passado, desfilaram pela cidade, contrariando a alcunha de "túmulo do samba", provocação eternizada pelo carioca Vinicius de Moraes.

O fato é que a metade de São Paulo afeita à batucada parece cada vez menos disposta a enfrentar os Carnavais saturados de Salvador e Rio, que neste ano brindou os foliões com alegorias de lixo pelas ruas --de fazer inveja ao desfile histórico de Joãozinho Trinta na Beija-Flor.

Um ponto importante a ser exaltado é que o renascimento paulistano está cada vez mais descolado do monótono e repetitivo espetáculo das escolas de samba.

O Carnaval do Anhembi teve um ano daqueles. Arquibancadas vazias, pouquíssima imaginação e a sombra das torcidas organizadas de futebol parecem condenar os desfiles ao interesse de um grupo cada vez mais restrito.

Nas ruas, ao contrário, o Carnaval paulistano foi espontâneo e gratuito. Mais inspirado na retomada carioca do que na folia baiana. Com um empurrão oficial: neste ano, a prefeitura decidiu proibir cordões e a cobrança por abadás. Melhor assim, convenhamos, do que pagar R$ 3 mil para pôr o Lepo Lepo no bloco.

O lado ruim dessa história é que ainda está para surgir a cidade brasileira capaz de reunir um grupo significativo de pessoas sem que isso resulte num pequeno caos.

Organizar o trânsito, evitar a concentração de blocos numa região (como aconteceu na Vila Madalena), limpar as ruas depois do batuque e oferecer banheiros públicos em número razoável são um bom começo. Do contrário, a turma do Turcomenistão vai chiar. E com razão.


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