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Ruy Castro

Leituras de 1964

RIO DE JANEIRO - Às vésperas dos 50 anos do golpe de 1964, uma avalanche de livros a respeito toma as livrarias. Ótimo. Esse episódio, que dividiu a história do Brasil, produziu vários títulos importantes, mas nunca gerou relatos e biografias em quantidade à altura de seu signi- ficado. E quase todos os livros publicados logo a seguir ao golpe nunca foram relançados.

O primeiro, "Os Idos de Março e a Queda em Abril", pelo pessoal do "Jornal do Brasil" --Alberto Dines, Antonio Callado, Araújo Netto, Carlos Castello Branco, Wilson Figueiredo e outros--, saiu em maio, a pouco mais de um mês dos fatos. Sua leitura hoje surpreenderia os que atribuem à revista "Realidade" a criação da reportagem no Brasil. Um mês depois, "O Ato e o Fato", de Carlos Heitor Cony, levou milhares de pessoas a uma noite de autógrafos na Cinelândia, na primeira manifestação contra o regime. E, em outubro, o colunista Fernando Pedreira lançou o seu "Março 31 - Civis e Militares no Processo da Crise Brasileira".

Já em 1965, Edmundo Moniz, editorialista do "Correio da Manhã", soltou "O Golpe de Abril". Na sequência, veio "O Golpe Começou em Washington", do repórter Edmar Morel --ainda sem as revelações sobre a Operação Brother Sam, mas já com um vasto apanhado dos interesses americanos no Brasil de Jango. E, em 1966, "Torturas e Torturados", de Marcio Moreira Alves, foi o primeiro relatório de casos autenticados do gênero depois de 1964.

Em livros como esses, escritos no calor da hora, as informações vêm cruas, quase nuas, sem as "revisões" a que os pósteros costumam submetê-las --como a de que o golpe foi só uma quartelada. Neles se percebe a pesada participação civil.

Políticos, empresários, comerciantes, padres, donas de casa e paisanos porras-loucas de ambos os lados, todos ajudaram a entregar o Brasil aos militares.


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