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Paula Cesarino Costa

Gentefinização

RIO DE JANEIRO - "O Vidigal está na moda", resumiu uma das 300 participantes da reunião ao pé do morro, à beira da avenida Niemeyer e do mar da zona sul.

A arquibancada da pequena praça estava lotada. Em pauta, especulação imobiliária, aumento de preço de aluguéis e víveres, falta de urbanização e infraestrutura.

Com menos de 10 mil habitantes e uma das mais belas vistas da cidade, o Vidigal tem sido "invadido". Para o bem e para o mal. Gente de fora da favela, estrangeiros e brasileiros compram ou alugam barracos, abrem "hostels", restaurantes.

No telão, é projetada reportagem do jornal britânico "Financial Times" sobre a hora de investir e lucrar em favelas cariocas, entre elas o Vidigal. Onde antes traficantes e policiais combatiam, moradores veem agora surgir o que consideram um inimigo ininteligível.

A gentrificação, assim como o Vidigal, é a palavra da moda.

Tradução literal para expressão inglesa derivada de "gentry", que define gente pertencente à classe alta, batizou o processo de chegada dos mais ricos a áreas habitadas pelos mais pobres. É a gentefinização.

O custo de vida no Vidigal não para de crescer. Um morador diz que o aluguel saltou de R$ 300 para R$ 800; outro, que a conta de luz foi de R$ 30 para R$ 250. O baile, proibido, só vale para quem paga R$ 100.

Uma estudante sugeriu reserva de mercado de 40% das vagas de estabelecimentos novos para quem é do do morro, com obrigação de cursos de capacitação. Outros, tarifa de energia única para o favelado.

O fenômeno não é novo nem exclusividade das favelas cariocas. Nos EUA, discute-se redução de impostos para manter moradores em seus lugares de origem. Aqui no Brasil, tem quem acredite que "só vão urbanizar as favelas quando o pobre não estiver mais nelas". Afinal, onde tem gente fina, o Estado é outra coisa.


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