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Ruy Castro

Rádios fora do ar

RIO DE JANEIRO - Muitas rádios contaram ao vivo a história do Brasil no século 20. Duas delas não se limitaram a contar --viveram-na como protagonistas. A primeira, desde 1926, foi a Rádio Mayrink Veiga. Nela nasceram todos os programas que fariam a glória do rádio --noticiários, musicais, humorísticos, futebol, crônicas. Foi também a primeira a dar dignidade trabalhista a seus contratados.

Em 1936, surgiu a Rádio Nacional, incorporada à União em 1940. A partir daí, com os enormes recursos de sua nova condição e com o talento de sua equipe, tornou-se uma potência sem comparação no Brasil de antes ou depois. E, embora fosse "do governo", atravessou as piores crises políticas --1945, 1954, 1961-- sem se comprometer.

Em 1963, o deputado Leonel Brizola (PTB-GB), então a "bête noire" da direita, comprou 25% da Mayrink. Tomou os microfones praticamente para si e, com sua retórica pitoresca, mas inflamada, acabou por fazer da rádio um sinônimo do radicalismo. Odiada pelos vencedores, a Mayrink foi tirada do ar a 1º de abril de 1964 e silenciada para sempre em julho de 1965.

A Nacional, então também identificada com o governo vencido, teve dezenas de funcionários demitidos como comunistas, embora alguns --Mario Lago, Dias Gomes, Jararaca, Nora Ney, Jorge Goulart, Paulo Roberto-- viessem de longe no seu "cast" e fossem grandes responsáveis pelo seu sucesso. Sofreu uma morte branca --permitiram que sobrevivesse (até hoje), mas como uma sombra do que era.

As duas rádios pagaram por estar no lado perdedor no dia decisivo. Em nome disso, sua longa e magnífica participação na vida cultural brasileira foi brutalmente interrompida. Parte do legado da Nacional está hoje no MIS do Rio. Mas, da Mayrink, não se sabe para onde foram seu acervo, seus registros, nem seu equipamento.


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