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Ruy Castro

Cartilha furada

RIO DE JANEIRO - A Fifa cometeu uma cartilha intitulada "Brasil para principiantes", advertindo para algumas das nossas peculiaridades a que seus clientes europeus deveriam ficar atentos durante a Copa. Alertada de que o texto era inconveniente, a Fifa retirou-o de seu site. Mas sejamos honestos --nem tudo nele era mentira. No mínimo, servia para sabermos como os gringos nos enxergam.

Ele diz que nunca iniciamos uma frase com a palavra "não". É isso mesmo. E, pior: dizemos "pois sim" quando queremos dizer "não", e "pois não" quando queremos dizer "sim". Até os portugueses se atrapalham conosco --porque, para eles, "pois sim" é "sim" e "pois não", "não". Aliás, nós também nos atrapalhamos com essa diferença quando vamos a Portugal.

Diz a Fifa que "falamos com as mãos", gostamos de "tocar nas pessoas com quem conversamos" e isso pode "facilmente se transformar num beijo". Bem, os italianos é que entendem de falar com as mãos. Quanto a tocar nas pessoas, é verdade --se um gringo nos pede uma informação, só faltamos levá-lo no colo aonde ele quiser ir. Já em matéria de beijos, quem somos nós perto dos russos --todos eles--, que, ao se encontrar, trocam profundos beijos na boca?

E de onde a Fifa tirou a ideia de que, se um turista disser que Buenos Aires é a capital do Brasil, "corre o risco de ser deportado"? Ao contrário, Buenos Aires é a cidade favorita dos brasileiros que viajam --para compras-- e nossa birra com os argentinos se limita ao futebol. Já se um brasileiro na Sérvia confundi-la com a Croácia e vice-versa, a família pode mandar buscar o corpo.

E discordo da história de que passamos o dia comendo açaí. Açaí é coisa para ripongos, naturebas, macrobirutas e, naturalmente, turistas. Brasileiro gosta mesmo é de buchada de bode, feijoada com rabada e outros piriris.


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