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Rogério Gentile

Dá para confiar?

SÃO PAULO - Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Robson Marinho tem um apelido nada edificante, sobretudo para alguém responsável por fiscalizar contratos, muitas vezes bilionários, do governo paulista. Merecidamente ou não, ele é chamado por detratores de "doutor Roubson".

Principal secretário do governador Covas (PSDB) entre 1995 e 1997, Marinho é suspeito de ter recebido US$ 1,1 milhão (R$ 2,6 milhões pelo câmbio atual) da Alstom para ajudá-la a obter um contrato de R$ 181,2 milhões (valores atualizados) com a Eletropaulo e a Empresa Paulista de Transmissão de Energia em 1998. Uma conta na Suíça foi bloqueada e um executivo ligado à multinacional, em depoimento à Justiça daquele país, citou seu nome como beneficiário de corrupção.

O conselheiro, que nega todas as acusações, é dono de uma ilha de cerca de 70 mil m2 na baía de Paraty, no litoral sul do Rio, tem um prédio comercial de oito andares em São José dos Campos e uma casa de 1.055 m2 no Morumbi, que foi coincidentemente de um lobista suspeito de pagar propina para agentes públicos.

Ontem, depois de muita pressão, o TCE decidiu finalmente montar uma comissão para analisar documentos que envolvem Marinho, alvo de suspeitas desde 2008. Mas o próprio presidente do órgão, Edgar Rodrigues, já disse considerar o colega um conselheiro exemplar. Segundo afirmou em entrevista à Folha dias atrás, Marinho não é suspeito de ter cometido desvio funcional e o que faz fora do tribunal não é de competência do órgão. Ou seja, trabalhando direitinho, fora de lá está tudo liberado.

É claro que "doutor Roubson" pode ser um apelido injusto. Cabe à Justiça decidir se o conselheiro é culpado ou não. Mas, com tantos indícios, é incompreensível que ele continue até lá responsável por analisar a lisura dos contratos no Estado. Recentemente, por exemplo, Marinho aprovou as contas da Assembleia Legislativa. Dá para confiar?


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