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USP reprovada

Sintomas de improvisação e descontrole se acumulam na maior universidade do país, que teve suas contas rejeitadas pelo TCE

Ainda que relativamente modesta, se comparada aos desmandos habituais do setor público, causa mal-estar a irregularidade detectada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) ao examinar os gastos da USP durante o ano de 2008.

Naquela ocasião, de acordo com o órgão, o salário de Suely Vilela, então reitora da maior universidade brasileira, ultrapassou o teto legal permitido a funcionários públicos. Os vencimentos dela e de outros dirigentes da USP superavam R$ 17 mil mensais, enquanto o governador do Estado, em tese fazendo jus à maior remuneração da administração, recebia R$ 14.850.

Por esse motivo, pela primeira vez o TCE rejeitou as contas da universidade paulista.

A disparidade de alguns milhares de reais por mês se vê agravada pelo contexto mais recente. Se, em 2008, 87% dos recursos da USP eram consumidos por salários, a proporção chegou bem perto de 100% no ano passado. Para responder a qualquer despesa alheia a sua folha de pagamento, portanto, a universidade tem de usar seus fundos de reserva.

Um evidente problema de gestão se configura, e o próprio cotidiano da USP, que chegou a conhecer ilusões de largueza durante a administração de João Grandino Rodas, abriu o ano de 2014 com súbitas revisões de despesas.

Se a situação parece ter-se revertido de modo repentino para a comunidade acadêmica, maior ainda é a desinformação fora de seus muros. O contribuinte não tem acesso, por exemplo, à lista das remunerações dos funcionários da universidade, algo que a reitoria reluta em fornecer.

Não se nega a necessidade de que os professores da USP tenham remuneração adequada. O tratamento especial concedido a membros de sua cúpula burocrática não tem relação, contudo, com os interesses e prioridades de ordem acadêmica e científica.

De maior interesse científico, quem sabe, é o caso espantoso da contaminação do terreno em que se assentaram os edifícios da USP Leste. Encarada como uma experiência de ensino inovadora, capaz de atender um vasto contingente de estudantes, a unidade desenvolvia suas atividades sobre um solo impregnado de gás metano e substâncias cancerígenas.

Interditado o campus por determinação da Justiça, uma comédia de improvisações se desenrola na busca de instalações para os alunos, cujas aulas se encerraram mais cedo no ano passado e ainda não começaram neste.

O início do período letivo está finalmente marcado para dia 31 de março, mas em local provisório. Certamente alguns dirigentes da USP poderiam se encarregar da preleção inaugural --desde que não se dediquem a temas como administração pública, segurança ambiental ou respeito à legislação.


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