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Paula Cesarino Costa

Vaivém das marés

RIO DE JANEIRO - "A Maré é a ponta do iceberg", resume o coronel Íbis Pereira, um dos principais pensadores da polícia do Rio. Não se refere, claro, ao ciclo das águas. Mas, sim, ao Complexo da Maré, conjunto de 15 favelas que ocupa extensa área que um dia já foi mar e abriga cerca de 130 mil habitantes.

Encravada entre a avenida Brasil, as linhas Amarela e Vermelha e as imundas águas da baía de Guanabara, a região será ocupada por militares da Marinha e Exército, além de policiais. Para lá correram traficantes do Comando Vermelho que planejaram ataques a UPPs (Unidade da Polícia Pacificadora).

A cena é de guerra contra o inimigo interno. Será essa a solução contra a insegurança no país e no Rio?

Subdiretor de Ensino da PM do Estado do Rio, Íbis Pereira conquistou espaço no debate público no período em que dirigiu Academia da Polícia Militar. Atualizou o currículo de formação, estimulou a reflexão ao convidar filósofos para darem palestras aos PMs, levantou a discussão de que a polícia é violenta porque a violência é "gramática válida" na história do país desde a escravidão.

Avalia que a UPP é um marco, mas é um fenômeno que coloca uma questão essencial: qual é a política de drogas que o Brasil quer ter?

"Há um pensamento hegemônico na sociedade de que a única forma de enfrentar a droga é a guerra. Não há como contestar a ação militar na Maré. Mas a descriminalização das drogas é fundamental. É preciso definir a polícia que se quer a partir da política sobre droga que se quer", diz.

O capítulo sobre segurança pública da Constituição de 88 não foi regulamentado até hoje. Há projetos de lei e emendas constitucionais parados no Legislativo. Não se vê urgência nem vontade política.

Sobra ao coronel da PM o que falta aos governantes e parlamentares: ao menos uma ideia a defender que resista ao vaivém das marés.


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