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Ruy Castro

Por musicais mais brasileiros

RIO DE JANEIRO - Há dias, escrevi ("Nem brasileiros, nem musicais", 22/3) que a onda de musicais no teatro brasileiro está sendo uma bonança para todo mundo --diretores, cantores, dançarinos, cenógrafos, figurinistas--, exceto para os compositores e letristas. Isto porque os espetáculos se resumem a biografias de cantores, desfilando seus sucessos, ou a importações da Broadway, com suas canções compostas há 40 ou mais anos e apenas traduzidas aqui.

Minha opinião era a de que, a exemplo da Broadway, o Brasil deveria produzir musicais com textos originais e canções compostas especialmente para eles. Um produtor justificou-se alegando que o brasileiro não sai de casa para ouvir músicas que não conhece. Mas como pode o público do RJ e de SP ser tão diferente do de Nova York, o qual, pelo menos de 1925 a 1980, ia aos musicais justamente por causa das novas canções? --perguntei. E garanti-lhe que, se muitos daqueles espetáculos são lembrados até hoje, agradeçam à grande música feita para eles. Exemplos?

De "No, No, Nanette" (1925), de Vincent Youmans, saíram "Tea for Two" e "I Want to Be Happy". De "Girl Crazy" (1930), dos Gershwin, saíram "Embraceable You" e "But Not for Me". De "Roberta" (1933), de Jerome Kern, saíram "Yesterdays" e "Smoke Gets in Your Eyes". De "Anything Goes" (1934), de Cole Porter, saíram "You're the Top" e "I Get a Kick Out of You".

De "Lady in the Dark" (1941), de Kurt Weill e Ira Gershwin, saíram "This is New" e "My Ship". De "My Fair Lady" (1956), de Frederick Loewe e Alan Jay Lerner, saíram "I Could Have Danced All Night" e "On the Street Where You Live". De "West Side Story" (1957), de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, saíram "Maria", "Tonight" e "America". E milhares mais.

Nos EUA, o teatro gerou o cancioneiro. No Brasil, o cancioneiro é vampirizado pelo teatro.


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