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Fiasco no Ipea

A reputação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sofreu novo revés com a malfadada pesquisa de opinião sobre violência contra a mulher.

Como foi amplamente noticiado, é de 26%, e não 65%, a parcela de brasileiros que concorda com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Não sofreu reparo do Ipea, contudo, o achado de que 58,5% concordam com outra afirmação estarrecedora: "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".

Evidente que um erro como aquele, a troca de percentuais entre itens do questionário, pode ocorrer em qualquer instituto. O Ipea corrigiu o equívoco sem rodeios, mas ainda deve explicações.

A pesquisa integra o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) do órgão, que se baseia em entrevistas domiciliares em 212 municípios e pretende ter representatividade nacional. Da maneira como se faz, nunca a alcançará.

Para isso, as respostas teriam de sofrer um processo de ponderação, pois a amostra nele representada discrepa acentuadamente do perfil dos brasileiros. Há 66,5% de mulheres no levantamento do Sips, contra 51,6% na população acima de 15 anos. Há também uma quantidade excessiva de idosos e de moradores de cidades pequenas.

O Ipea, no entanto, não efetua tal ponderação. Alega que o procedimento foi testado em pesquisa anterior e acabou por não alterar significativamente os resultados. Tal afirmação precisaria vir apoiada em dados para se tornar crível.

Outro levantamento do Sips, sobre telecomunicações, já havia suscitado estranheza, em 13 de março, ao revelar que 66% dos entrevistados avaliaram de modo positivo a telefonia celular -um serviço reconhecidamente caro e ruim.

O Sips se encaixa à perfeição na tese de que o Ipea vem se transformando, a partir do segundo governo Lula, num aparelho ideológico. Criado há meio século, na ditadura militar, o instituto angariara prestígio acadêmico com a produção de estudos econômicos independentes, patrimônio ora ameaçado pela reorientação esquerdista.

Não há de ser coincidência que o primeiro escritório internacional do órgão tenha sido aberto na Venezuela, em 2010, quando o presidente do Ipea era Marcio Pochmann, tido como o maior responsável pela guinada política.

O atual presidente é Marcelo Neri. Sua responsabilidade, agora, não é só evitar novos fiascos como o do Sips, mas devolver ao Ipea o renome como órgão de Estado, e não mais como agência petista.


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