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Discurso de Dilma
Pense num ladrão que, ano após ano, entra na sua casa todo mês e assalta sua despensa. Dez anos depois, ele avisa que vai deixar para você um saco de feijão nos próximos ataques.
Você agradece?
O anúncio da correção da tabela do Imposto de Renda é uma parte ínfima da obrigação de devolver o que foi tirado dos brasileiros durante anos.
Em vez de agradecer a hipocrisia, temos de cobrar o fim dos assaltos ao nosso bolso.
ALBERTO DWEK (São Paulo, SP)
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Abastecimento
Mauro Arce, secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, disse à Folha que as providências estatais sobre a falta de água poderiam ter sido tomadas antes, "mas ninguém reclamou".
Dá uma lição de que é preciso cobrar o governo. A primeira omissão nessa cobrança foi de alguns Comitês de Bacia Hidrográfica, que se tornaram "chapa branca", perdendo a devida combatividade.
PAULO AFFONSO LEME MACHADO, professor de direito ambiental (Piracicaba, SP)
Haitianos
O secretário de Justiça do Acre foi de extrema leviandade no artigo "Reclamar menos, trabalhar mais" ("Tendências / Debates", "Opinião", ontem), ao afirmar que "apenas estamos acelerando o processo que os imigrantes normalmente fazem".
Não importa para ele se esse processo não é digno, se comumente leva as pessoas a condições sub-humanas de existência.
O imigrante merece respeito e acolhida pela porta da frente, como afirmou a secretária da Justiça de São Paulo.
ADRIANA GRAGNANI (São Paulo, SP)
Aborto
A discussão sobre o aborto capitaneada pelo colunista Hélio Schwartsman estava interessante, posto que com argumentos razoáveis, mas o texto "Essências e embriões" ("Opinião", ontem) é lamentável. Dizer que o embrião é "simples amontoado de células" é fechar os olhos para as maravilhas vistas por um simples ultrassom. O artigo escancarou o preconceito, saiu da essência para a ilusão cognitiva.
TIAGO CINTRA ESSADO (São Paulo, SP)
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Embora concorde com as ponderações de Hélio Schwartsman relativas à discussão do aborto no Brasil, permito-me nela inserir questões legais e de saúde pública. O Código Penal vigente, datado de 1940, pune com um a três anos de cadeia a mulher que opte pelo aborto.
Além de ineficaz, felizmente poucas mulheres no Brasil vão presas por terem abortado, a larga maioria da população desconhece essa lei.
Por outro lado, o aborto inseguro, praticado em más condições sanitárias, é a quinta causa de morte materna no Brasil, atingindo notadamente as mulheres mais pobres.
Esses são pontos importantes para reflexão.
THOMAZ RAFAEL GOLLOP (São Paulo, SP)
Ciência sem Fronteiras
É o cúmulo do desperdício a Capes enviar alunos brasileiros monoglotas para estudarem em países de idioma diferente do português ("Alunos com bolsa cortada foram orientados a racionar alimentos", "Ciência", ontem). Por que não realizam os exames de proficiência no Brasil?
É o cúmulo os estudantes que sabem que não são proficientes em idiomas estrangeiros se disporem a viajar para depois terem de voltar ao país. Tudo pago pelo contribuinte brasileiro.
JOSÉ CRETELLA NETO (São Paulo, SP)
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O programa Ciência sem Fronteiras precisa ser reformulado. Como é possível enviar alunos que não falam a língua inglesa para o Canadá? Se querem que eles aprendam línguas, deve-se mudar o nome do programa.
Do que adianta enviar um número enorme de estudantes que não têm preparo para aprender o que está sendo ensinado, enquanto outros bolsistas retornam do exterior sem o menor suporte?
Ainda, bolsistas de cursos completos de pós devem validar diplomas por um preço alto num processo extremamente moroso.
MARCELO DEMARCHI GOISSIS (São Paulo, SP)
Copa
O empresário Abílio Diniz, no Fórum de Comandatuba, na Bahia, solicitou ao povo "deixar as queixas de lado para evitar que a imagem do Brasil seja arranhada por manifestações" ("Protestos devem ficar de lado', afirma Abílio", "Poder", ontem).
Mas nem todos concordam com o descalabro em que se encontra o país em termos de segurança, transporte, saúde, educação. Gastaram bilhões de reais na construção de estádios, e o país de qualquer jeito vai passar vergonha perante os turistas estrangeiros com relação aos aeroportos, transportes e segurança.
É exatamente por isso que o povo protesta e vai continuar protestando.
ÁUREA ROBERTO DE LIMA (São Paulo, SP)
Sindicatos
Sobre o artigo "Não vamos permitir o retrocesso" ("Tendências / Debates", "Opinião", 1º/5), tenho a dizer que os sindicatos, na sua grande maioria, são uma fonte inesgotável de uso de dinheiro público e cabide de emprego para muitos que não têm qualificação e usam aquilo que seria legítimo, defender os trabalhadores, para interesse de uma minoria encostada.
ADAUTO L. CARDOSO (Sorocaba, SP)
