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Ceticismo à iraniana

Às vésperas de uma nova rodada de negociações internacionais sobre o programa nuclear do Irã, que começam no dia 13 em Viena, estão cada vez mais vivas as tensões que cercam um acordo definitivo sobre o tema.

É particularmente ilustrativa a entrevista concedida a esta Folha por Hossein Shariatmadari, diretor de Redação do jornal iraniano ultraconservador "Keyhan". O diário é conhecido por veicular a opinião do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo da teocracia persa.

Para Shariatmadari, foi inútil assinar, no final do ano passado, um acordo nuclear provisório com o Ocidente. Em troca de alívio parcial nas sanções impostas à economia do país, o Irã se comprometeu a limitar seu programa atômico a níveis de enriquecimento de urânio mais distantes da produção de armas nucleares, grande temor de nações como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França.

"Negociações são úteis por uma razão: elas provaram que os EUA não são confiáveis. Havia uma corrente que acreditava ser possível negociar com os americanos. Agora todo mundo sabe que os EUA mentem", afirmou Shariatmadari, segundo quem termos do pacto estariam sendo desrespeitados.

A retórica evidencia a hostilidade de setores mais conservadores da sociedade iraniana aos esforços diplomáticos da gestão presidencial de Hasan Rowhani, eleito em junho do ano passado, tido como modernizador e tolerante.

Nas declarações de Shariatmadari, não há sinais de que alas ligadas ao aiatolá Khamenei --detentor da palavra final no regime iraniano-- tenham desistido de um programa nuclear mais ambicioso.

Há, isto sim, insatisfação com os termos do acordo provisório, em vigor até 20 de julho: "Ocidentais estão nos enganando. Só permitem um programa nuclear de laboratório, não em escala industrial".

Para o diretor do "Keyhan", os tratados não seriam mais que um meio utilizado pelos EUA com o propósito exclusivo de derrubar o governo de Teerã.

Pelo número de países envolvidos e pela complexidade do tema, as negociações nucleares já são difíceis; a estridência da oposição interna no Irã só faz aumentar o considerável ceticismo existente.

Convencer o público doméstico de que eventuais concessões não significam capitulação diante do Ocidente é o desafio que se impõe ao governo de Hasan Rowhani --caso ele realmente deseje alcançar um acordo definitivo sobre o programa nuclear de seu país.


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