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Opinião

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Hélio Schwartsman

O buraco da USP

SÃO PAULO - A crise financeira na USP é feia. Só a folha de pagamento da universidade está consumindo 105% de sua dotação orçamentária. E, como nenhuma instituição se mantém em pé apenas remunerando pessoal, a diferença entre o que a USP precisa gastar e o que arrecada está saindo de sua reserva estratégica, que vai minguando a olhos vistos. Esse fundo, que era de R$ 3,2 bilhões em 2012, está agora em R$ 2,31 bilhões. O que fazer?

Pedir mais verbas ao governo paulista não dá. A USP, vale lembrar, já embolsa uma generosa fatia de 5% do ICMS arrecadado no Estado --que deve bater em R$ 6 bilhões este ano. Cortar despesas e congelar investimentos é necessário, mas não basta. Outra medida, também limitada, mas que ajudaria, seria a cobrança de mensalidades. Esse, porém, é um assunto tabu. Por alguma razão, se convencionou acreditar que tudo o que é público precisa ser gratuito, mas isso não é verdade.

A própria expressão "universidade gratuita" é um contrassenso físico e econômico. Prédios, laboratórios e professores não brotam do nada. Se o aluno não paga nada pelo curso, alguém está a fazê-lo. No caso da USP, é o conjunto dos paulistas. Mas será que isso é realmente justo?

Embora eu tenha por muito tempo defendido a gratuidade, agora penso que seria mais correto cobrar mensalidades de todos e criar programas de bolsas e empréstimos para os alunos que não tenham condições de pagar. O argumento decisivo para eu ter mudado de posição é o do impacto financeiro que a conclusão de um curso universitário propicia.

Embora a formação do médico ou de qualquer outro profissional seja um investimento público (interessa à sociedade tê-los), é grande a apropriação privada que ocorre devido à graduação. Um médico, afinal, ganha facilmente 15 vezes mais do que uma pessoa sem estudo superior. Simplesmente não faz sentido querer que o último subsidie o primeiro.


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