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Hélio Schwartsman

Raça e sucesso

SÃO PAULO - Nessa discussão sobre cotas raciais, usamos os termos "negros", "pardos", "indígenas" e "brancos" com liberalidade, como se fossem conceitos inequívocos e informativos, mas será que isso é de fato verdade? O que diz a empiria?

No Brasil, até onde sei, não há muita literatura a explorar as diferenças entre subpopulações de negros, pardos etc. Mas, nos EUA, onde esses dados são um pouco menos difíceis de encontrar, o que verificamos é um quadro bem mais nuançado.

Negros em geral ficam abaixo da média dos norte-americanos em quase todos os indicadores de sucesso, como renda e educação superior, mas, se voltarmos nossas lentes para certos subgrupos, vamos encontrar alguns cujo desempenho supera a média de brancos e asiáticos.

Amy Chua, mais conhecida como a mãe tigre, e Jed Rubenfeld, autores de "The Triple Package", mostram como filhos de imigrantes nigerianos, ganenses e jamaicanos se saem bastante bem tanto na academia como no mercado profissional.

A hipótese dos autores é que o sucesso dessas populações se deve a uma combinação de três características psicológicas bastante precisas que são passíveis de transmissão cultural: complexo de superioridade, insegurança e a capacidade de controlar os impulsos. É uma explicação interessante. Mas, esteja ela certa ou não, os dados coletados por Chua e Rubenfeld são suficientes para relativizar certos mitos recorrentes.

Como os filhos de imigrantes enfrentam praticamente as mesmas barreiras e preconceitos que os afro--americanos autóctones, seu sucesso mostra que o racismo de pessoas e instituições não constitui uma resposta completa para o baixo desempenho desses grupos.

As diferenças revelam ainda que supercategorias como negros, hispânicos e brancos são amplas demais para carregar informações muito relevantes. Desconfie quando alguém utilizá-las muito prodigamente.


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