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Hélio Schwartsman

Marolinha europeia

SÃO PAULO - Houve um tempo em que o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu me preocuparia. Mas, depois que desisti de torcer para projetos políticos pré-moldados, vejo o quadro com muito mais serenidade.

Em primeiro lugar, como bem mostrou meu amigo Clóvis Rossi, apesar de algumas agremiações xenófobas terem ampliado sua participação, uma sólida maioria do colegiado ainda é composta por partidos "mainstream", que não pretendem acabar com a União Europeia.

Para secundar, o Parlamento Europeu, em que pese estar ganhando força, ainda está longe de ser uma instância que rivalize em poder com os legislativos nacionais. Na verdade, os eleitores típicos ainda o veem como algo sem muita importância, daí que costumam utilizar os pleitos para defini-lo como uma ocasião para esbravejar contra governantes.

Por essa lógica, o resultado de pleito reflete muito menos a opção por uma nova orientação ideológica do que a vocalização de que os eleitores europeus não estão contentes com os resultados apresentados pela União Europeia nem pelos dirigentes de turno. Eles parecem estar mais pedindo mudanças do que apontando sua direção. Tal interpretação é consistente com o troca-troca político verificado nos países mais atingidos pela crise, nos quais os partidos governantes foram substituídos sem dó pela força rival, independentemente da coloração ideológica.

Talvez seja excesso de otimismo, mas esse modelo de dizer não ao que não está caminhando bem e torcer para que algo melhor surja em seu lugar tende a ser uma forma mais produtiva de promover transformações políticas. A alternativa, que é apostar em algum dos velhos pacotes ideológicos, não dá muito certo, pois tem um vício de origem: essas visões estão baseadas em nossas intuições de justiça, que têm o péssimo hábito de funcionar melhor em nossas cabeças do que no mundo como ele é.


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